Na primeira entrevista após ser confirmado como futuro diretor geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo deixou o discurso defensivo da diplomacia do Brasil de lado e vestiu a camisa da organização, ao alertar para o risco do protecionismo no mundo. Além disso, diante do desafio de destravar a Rodada de Doha, ele afirmou que a instituição está paralisada.
Como embaixador do Brasil na OMC, ele estava na posição oposta: rebatia ataques sobre protecionismo no país. Mas o diplomata defendeu indiretamente o Brasil quando disse que a OMC tem de se preocupar com a tendência geral.
"Se fosse uma coisa concentrada em um, dois ou três países, não seria motivo de tanta preocupação. O fenômeno [protecionismo] está se alastrando em vários quadrantes do mundo. E na medida em que se prolifera, é grave", disse.
Paralisia
Ele não mediu palavras ao descrever a situação atual da OMC: "Chegamos a um momento em que a OMC está em situação crítica. O pilar negociador está totalmente emperrado. Há uma paralisia". Sua "prioridade número um", portanto, será tentar destravar a Rodada Doha conjunto de negociações lançado em 2001 para a abertura do comércio mundial. O francês Pascal Lamy, atual diretor-geral, tentou durante oito anos.
Outra preocupação do brasileiro é a proliferação de acordos regionais e preferenciais. Com a Rodada parada, muitos estão buscando soluções de abertura do comércio fora da OMC. Há um "descompasso entre o mundo de negócios atual e as regras da OMC", alertou.
Brasil protecionista
Em resposta às afirmações de que Brasil é protecionista, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que as queixas dos EUA, União Europeia, Coreia do Sul e Japão não passam de manobra para entrar em outros mercados. Frisou que o Brasil nunca foi condenado na OMC e é um dos países que mais seguem as normas internacionais.
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