Dizem que o remédio amargo é o mais eficaz no combate às doenças. No campo da economia, há eventos negativos que podem trazer, de certa forma, benefícios a longo prazo. É o caso das crises. As gerações que viveram momentos de recessão econômica, em geral, tendem a ser mais cautelosas em relação ao dinheiro.
"Se até os seis anos de idade a pessoa viveu uma crise, de certa forma essa dificuldade vai impactar de alguma forma na sua maneira de lidar com o dinheiro", diz o especialista em investimentos do Itaú Unibanco Leandro Loiola, com base em uma pesquisa que mostra a relação de acontecimentos históricos e a forma como cada geração se relaciona com o dinheiro.
Ele explica que pessoas que hoje têm mais de 66 anos, em geral, são muito cuidadosas com o dinheiro e têm medo de perdê-lo. De certa forma, esse é um reflexo, segundo Loiola, da Grande Depressão de 1929 e da Segunda Guerra Mundial. Pela pesquisa, porém, é possível determinar também que as pessoas entre 47 e 65 anos são carreiristas e idealistas, porque viveram épocas de grande crescimento econômico.
"Por essa razão, entendemos que cada geração tem a sua maneira de relacionar com o dinheiro e cada uma delas pode ter a sua forma de guardar para o futuro", pontua Loiola (leia mais da pesquisa sobre as gerações e as finanças nesta página).
O economista e reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins, tem a mesma visão sobre a crise. Segundo ele, depois de passarem por momentos de dificuldades econômicas, as pessoas tendem a ser mais cautelosas. "A crise assusta, as pessoas ficam mais austeras e controladas, aceitando sacrifícios que em momentos de bonança não aceitariam", analisa.
Aposentadoria
Independentemente da fase da vida, porém, é sempre preciso pensar no futuro. Com perfil mais arrojado ou conservador, o importante é se planejar. E é de olho nesse interesse que o reitor da UP levanta 13 questões que podem orientar qualquer contratação de um plano previdência privada. Basta confrontá-las com o gerente do banco. (veja quais ao lado). "Sempre é hora de pensar em planejar para o futuro. A recomendação é que quando o jovem entre no mercado de trabalho, já comece a definir uma quantia a ser guardada para a aposentadoria", ressalta Pio Martins.
O planejador financeiro familiar e para a aposentadoria Augusto Sabóia dá uma outra dica sobre o futuro, ensinando uma conta simples. De acordo com Sabóia, quando a pessoa decidir se aposentar, ela precisa ter guardado (seja em poupança, ações ou outro investimento) 200 vezes o salário atual. Pelas contas do consultor, se hoje uma pessoa ganha R$ 5 mil por mês, por exemplo, quando resolver parar de trabalhar vai precisar de R$ 1 milhão guardado. "O custo na velhice só aumenta e esse multiplicador é baseado na aplicação mais conservadora, que é a poupança. Ou a pessoa começa a pensar que vai viver uns 30 anos sem trabalhar e que vai precisar de um salário lá na frente ou vai ter de começar a se preparar para enfrentar fila do INSS", argumenta Sabóia.
A idade e o dinheiro
O especialista em investimentos do Itaú Unibanco Leandro Loiola pesquisou a maneira que cada geração lida com o dinheiro, e ainda elaborou dicas de como cada grupo pode planejar suas finanças.
Geração Silent (Mais de 66 anos)
Perfil: São muito cuidadosas com o dinheiro e respeitam a hierarquia. Isso pode ter a influência de dois acontecimentos: a Grande Depressão de 1929 e a Segunda Guerra Mundial.
Recomendações: Busque o equilíbrio, não pense apenas em guardar, mas também em aproveitar o dinheiro nesta fase da vida. É possível investir em renda programada e se planejar para deixar renda a seus beneficiários.
Geração Baby Boomers (Entre 47 e 65 anos)
Perfil: São carreiristas e idealistas, porque viveram épocas de grande crescimento econômico.
Recomendações: Para pensar no futuro, é possível aplicar em investimentos socioambientais, uma forma de reserva e de cuidados com o meio ambiente. É preciso, nesta fase da vida, fazer um esforço extra na pré-aposentadoria, aplicando em renda programada, por exemplo.
Geração X (Entre 36 e 46 anos)
Perfil: É fragmentada e pessimista, viveu o início da tecnologia e tem como característica a hierarquia traços que podem ser fruto da crise do petróleo e de anos seguidos de retração econômica.
Recomendações: Ainda dá tempo de mudar o futuro, porque é preciso pensar que cada um é responsável por ele. Como as pessoas estão vivendo mais, é necessário pensar na fase de aposentadoria. É possível ainda nesta fase da vida aplicar em fundos de ações, ações, além de investimentos mais conservadores.
Geração Y (entre 18 e 35)
Perfil: Geração antenada, plural, participativa e impaciente. Cresceram em uma época da internet estabelecida e de alta velocidade.
Recomendações: Aproveite o tempo e a quantidade de informações para fazer uma boa reserva para a aposentadoria. Lembre-se ainda de que você nunca passou por uma crise, mas ainda pode passar.