Crianças na California acessam a rede, em projeto da Fundação Bill e Melinda Gates| Foto: Divulgação/Bill & Melinda Gates Foundation

A exclusão atual acontece por vários motivos. O primeiro deles é evidente: os planos de banda larga no Brasil são caros. No Brasil, um plano de 1Mbps custa no mínimo US$ 25. Nos EUA, cada mega sai por US$ 3 e, no Japão, US$ 0,27. O segundo motivo: o serviço não chega a muitos lugares. Conexões de banda larga ainda são restritas aos grandes centros, e há apagões de conexão em várias partes do País. No Amapá, 1% da população tem acesso à rede – dessas, 64% o faz via conexão de até 64 Kbps.O pernambucano Paulo Pinhei­ro, de 30 anos, criou a maior comunidade do Orkut sobre internet discada ("Minha internet é discada"). Já com banda larga, ele sabe bem o drama de quem não tem velocidade. "Quem depende só da internet discada não consegue acompanhar a quantidade de informação necessária", diz.

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Nas comunidades do Orkut, cada upgrade é comemorado. "Galera, vou ter que dar adeus a todos vocês. Vou para 3 Mbps, vai ser um incrível salto", escreveu um membro. Outro comemora: "Fui! Adiós, Muchachos!". As velocidades, por lá, variam: 30 Kbps, 50 Kbps. Um deles lamenta: "Demorei nove horas para baixar o MSN 8.0".

Pinheiro concorda que o principal motivo que impede as pessoas de ter banda larga é o preço. "Aqui no Nor­­deste uma boa conexão custa a partir de R$ 100 mensais", diz. Deve ser por isso que só 1,19% da população de lá tenha banda larga, segundo relatório da Cisco e do International Data Corporation.

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Para o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o serviço de banda larga é " inacessível para boa parte dos brasileiros". O assunto é tema de um relatório que será divulgado ainda neste mês. "O valor mais baixo encontrado para 1 Mbps foi R$ 49,90, mensalidade cobrada pela Brasil Telecom em Porto Alegre (RS) e Rio Branco (AC). Em Manaus, o Vivax, da Net, custa R$ 249,90", diz o estudo.

Um dos fatores que faz que este serviço seja insatisfatório, segundo o Idec, é a concentração do mercado. O problema é sentido na pele em Recife: "Eu vejo que aqui há um problema de concorrência. É praticamente monopólio por tecnologia", diz Pinheiro.

O que oele percebeu é o mesmo que aponta o Idec. Segundo o instituto, Oi-Brasil Telecom, Telefônica e Net têm 87,2% do mercado de banda larga brasileiro. "Há tanta concentração de mercado que é difícil transpor a barreira. Não falta planejamento, não falta desejo, falta concorrência e pressão competitiva", diz Luis Cuza, presidente-executivo da Associação Brasi­leira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas. "Se o Brasil está na direção de se tornar um país desenvolvido, precisa ter metas de primeiro mundo", completa.