Obstáculos
Mão de obra preocupa empresários
Os desafios para abrir um negócio são muitos, sobretudo quando o empreendimento se propõe a atender as demandas turísticas de uma região. Empresários que já atuam no litoral apontaram, na pesquisa do Sebrae, os principais obstáculos a novos investidores: leis ambientais (31%), infraestrutura deficiente nas cidades (24%), sazonalidade (22%) e falta de mão de obra qualificada (15%) são os maiores empecilhos.
Vencidas as barreiras iniciais, a falta de mão de obra no litoral é um problema que persiste, limita e atrapalha o crescimento das empresas, de acordo com 78% dos empresários. As maiores demandas são por cozinheiras e auxiliares de cozinha, garçons, recepcionistas, telefonistas, profissionais de limpeza e organização de ambientes, eletricistas e guias turísticos. Essa carência deve ser amenizada nos próximos anos, segundo Carlos Gnata, presidente da Adetur. Gnata aposta nos cursos de graduação e formação técnica em áreas ligadas ao turismo para modificar esse cenário. Além da UFPR Litoral, em Matinhos, e da Isulpar, em Paranaguá, que oferecem cursos de graduação em Turismo, há ainda um projeto para a construção de um restaurante-escola em Paranaguá. (CJ)
Maioria dos turistas cita Ilha do Mel como destino mais atraente
Para 46% dos turistas entrevistados pelo Sebrae, a Ilha do Mel é o lugar mais atraente do litoral paranaense, além de ser o destino mais procurado pelos turistas, de acordo com os operadores de turismo. Mas o movimento na Ilha do Mel já foi maior, observa Elza Maria Werner, que mora na ilha há nove anos e trabalha em uma pousada.
Desde que chegou, em 2002, Elza acompanha a queda no movimento de turistas e a luta dos comerciantes para manter seus negócios.
Custos
Segundo ela, o alto custo para chegar ao destino que inclui o pedágio, para quem vem do interior do estado e de Curitiba, o custo da travessia, mais a taxa de visitação e o valor pago para estacionar os veículos tem desmotivado os turistas.
Para Elza, o potencial turístico da ilha é prejudicado pela falta de investimentos em infraestrutura básica tanto na própria ilha quanto nas cidades próximas. "Infelizmente, nosso litoral continua igual há 40 anos", observa. (CJ)
Levantamento mapeou cinco "ondas de consumo" na região
Os atrativos e as potencialidades do litoral paranaense vão além das praias e baías que formam a região. O levantamento encomendado pelo Sebrae-PR mostrou que balneários e serviços são apenas uma das cinco "ondas de consumo" em curso no litoral. Turismo histórico e cultural, náutico, ecoturismo e entretenimento completam a lista de atividades com grande potencial de crescimento na região. Com base no resultado da pesquisa, foi possível dividir o litoral em cinco eixos de desenvolvimento (veja quadro ao lado).
Segundo Patrícia Albanez, consultora do Sebrae-PR e gestora do Projeto Turismo no Litoral do Paraná, a divisão dos eixos foi feita com base nas vocações turísticas dos sete municípios da região mapeadas no decorrer da pesquisa. As informações poderão subsidiar empresários interessados em investir, além de comerciantes que desejem diversificar a atividade econômica ou incrementar o negócio. "Com relação aos eixos de desenvolvimento, é importante esclarecer que a pesquisa faz apontamentos, e não determinações", afirma Patrícia.
Pontal do Paraná e Paranaguá são as maiores apostas da região em termos de investimentos estruturantes, que tendem a movimentar a economia local nos próximos anos, de acordo com a consultora do Sebrae. Em Pontal do Paraná, a expectativa gira em torno da instalação de grandes fornecedoras de equipamentos para a indústria petrolífera, além da construção de um novo porto de cargas. Em Paranaguá, a perspectiva é de que o tombamento da Rua da Praia, os processos de revitalização, a abertura do aquário e o próprio porto aqueçam a economia da cidade. Ilha do Mel, Morretes e Guaraqueçaba, locais de preservação da Mata Atlântica, têm amplo potencial para o desenvolvimento do ecoturismo e turismo de aventura.
Mudança
Quando se aposentar, no fim do ano, a funcionária pública Maria Geni Rodrigues Silva vai virar empresária. Moradora de Curitiba, ela vai se mudar para Pontal do Paraná, onde possui um imóvel que será transformado em pousada para receber funcionários da multinacional italiana Techint, que está reativando seu estaleiro.
"O projeto para a adequação do imóvel já foi concluído e a reforma precisa estar pronta ainda neste ano", diz Maria Geni. Segundo ela, a possibilidade da instalação de outras empresas de grande porte em Pontal eleva ainda mais a expectativa com o retorno dos investimentos iniciais, que ela estima em R$ 40 mil. (CJ)
Aprender a lidar com os efeitos da baixa temporada é a maior dificuldade dos empresários dos balneários paranaenses, segundo a pesquisa "Oportunidades de Negócios de Turismo no Litoral do Paraná", encomendada pelo Sebrae-PR. Para 29% dos empresários, a sazonalidade é o principal problema enfrentado, seguida da carência de mão de obra (16%), em especial a qualificada (15%).
A pesquisa ouviu lideranças e empresários da região, veranistas da capital e do interior e operadores turísticos. Quase 1,3 mil pessoas foram entrevistadas para traçar o perfil e o mapa das oportunidades de novos negócios. O Sebrae fez 55 entrevistas com lideranças do litoral; 31 com operadores turísticos do Paraná e de outros estados; 270 com empresários da região e 900 com turistas de Curitiba, Cascavel, Maringá e Londrina.
Sobre a sazonalidade, o levantamento mostrou que, nos meses de baixo movimento, quase metade dos negócios (48%) sofre quedas de faturamento significativas, que ameaçam sua sobrevivência, e somente 6% dos empreendimentos estão imunes a esse problema. Uma ação que poderia melhorar o fluxo de turistas, segundo 69% dos empresários, é a promoção de eventos e campanhas de divulgação, algo que poderia ser feito em conjunto por empresas, associações e governo.
Carências
A infraestrutura básica foi citada por empresários e visitantes como o principal complicador para o turismo na região. Dos 270 empresários ouvidos, 41% consideram o saneamento básico um ponto fraco. Consequência da falta de redes de esgoto, praias sujas e poluídas foram citadas por 18% dos empresários. Entre os turistas, 44% também apontaram a precariedade do saneamento básico. Detalhe: para 46% dos turistas, a limpeza das praias é pré-requisito para incluir uma cidade no roteiro.
Segundo Carlos Gnata, presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur), os problemas são consequência da falta de planejamento e investimentos no litoral. "Além de saneamento, faltam sinalização turística, banheiros e quiosques na orla", observa. Outra deficiência, diz, é o setor de serviços há poucos receptivos turísticos e guias preparados para divulgar e "vender" a região.
Destinos
O litoral paranaense concentra boa parte dos destinos escolhidos no Paraná por turistas do estado e de outros estados. Entre os lugares mais visitados estão os balneários de Guaratuba e Caiobá, conhecidos por 78% dos turistas entrevistados. Paranaguá (71%), Matinhos (70%) e Morretes (62%) completam a lista dos lugares mais conhecidos.
Apesar de 68% dos operadores de turismo acharem que a região não está bem servida de estabelecimentos para atender os visitantes, a maioria dos turistas (84%) disse não ter tido dificuldades para encontrar produtos ou serviços no litoral. Mas, para Patrícia Albanez, consultora do Sebrae-PR e gestora do Projeto Turismo no Litoral do Paraná Emoções o Ano Inteiro, os turistas receberiam bem novas opções de serviços. "A maior parte utilizaria serviços como pousadas sofisticadas, resorts e parque para crianças", observa a consultora.
Aposta no ecoturismo
Moradora de Matinhos há 30 anos, Nívea Carraro Gursky decidiu deixar o comando da loja de materiais elétricos aos cuidados da filha para se dedicar a um sonho antigo: abrir uma pousada. Na companhia do sócio, o ex-representante comercial Jamil Pereira, ela transformou a casa onde vive, próximo ao Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, em Matinhos, em uma pousada com foco no ecoturismo.
O Recanto das Bromélias abriu as portas ao público no dia 1.° de setembro de forma modesta, com apenas três suítes e um funcionário para ajudar nos serviços externos. "Ainda estamos no vermelho por causa do investimento, mas a expectativa é de que em breve possamos ampliar a capacidade da pousada", afirma Nívea, que pretende construir chalés.
O dinheiro para o pontapé inicial foi a maior dificuldade do casal. Além de um empréstimo, eles venderam os dois carros para complementar o valor do investimento inicial, estimado em R$ 65 mil.
Para Nívea, o fato de a pousada estar numa área de Mata Atlântica preservada é uma grande vantagem. "Com o apoio do pessoal do Parque, estamos retirando todas as plantas que não são nativas, pois nosso foco é a preservação", afirma a empreendedora, que também fez parceria com o parque para a criação e acompanhamento das trilhas turísticas na mata.
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