O baixo crescimento na Europa, nos Estados Unidos e em mercados emergentes como o Brasil fez com que o ritmo de crescimento do comércio mundial diminuísse em 2005, diz um relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgado nesta quarta-feira.

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"A atividade econômica mais baixa no nível global causou uma desaceleração na expansão do comércio de bens e serviços", diz o documento.

De acordo com o relatório, o setor que menos cresceu nas trocas comerciais internacionais foi a agricultura - área em que o Brasil teve desempenho acima da média.

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"Os preços dos bens manufaturados comercializados internacionalmente e dos produtos agrícolas aumentaram menos em 2005 do que em 2004, em parte por causa da relativa força do dólar frente às moedas de grandes comercializadores", diz o relatório.

Ainda assim, segundo o estudo, o volume de exportações continuou a aumentar mais rapidamente do que a própria produção mundial. Por exemplo: enquanto a exportação de bens cresceu 6%, a produção cresceu 2,5%, segundo a OMC.Alta do petróleo

Segundo a OMC, os setores de combustíveis e o minerador foram os que mais cresceram no comércio mundial em 2005.

De acordo com a organização, a alta mundial do preço do petróleo foi um dos fatores determinantes no que considera um redirecionamento dos fluxos do comércio global, "aumentando as exportações de regiões exportadoras de petróleo e estimulando o crescimento da importação de bens e serviços por elas".

A grande exceção à tendência, diz a OMC, foi a China, que, apesar de importar combustíveis, registrou um crescimento nas suas exportações muito maior do que nas suas importações.

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A OMC também chama a atenção para o impacto do fim do regime de cotas para produtos têxteis para a geografia do comércio mundial, medida que teria beneficiado principalmente a China e a Índia. Até o ano passado, os países ricos impunham limites à entrada desses produtos vindos de países em desenvolvimento.

Por outro lado, o relatório destaca que os movimentos ocorridos em 2005 favoreceram um desequilíbrio nas balanças comerciais de importadores e exportadores, com superávits em muitas economias asiáticas e aumento do déficit americano. "A pequena apreciação do yuan chinês não teve aparentemente nenhum impacto nos fluxos bilaterais de comércio entre a China e os Estados Unidos", diz a OMC.

O papel da China, aliás, é novamente destaque no relatório, que prevê que o país, já em terceiro lugar na lista de maiores comercializadores em 2004, torne-se o país número 2 no comércio mundial em 2007.

Brasil

O documento comenta o bom desempenho do Brasil no setor agrícola, no qual o país aumentou as suas exportações em 14%, índice bem acima de exportadores como Estados Unidos, Canadá, Malásia e Tailândia, que tiveram aumentos entre 2% (Malásia) e 4% (EUA).

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O desempenho brasileiro no setor de serviços também foi mencionado com destaque pela OMC. "O Brasil registrou uma expansão consideravelmente forte no seu comércio de serviços. As importações cresceram em 38% (acima da média regional, de 20%, que já foi o dorbro da mundial), para US$ 22,43 bilhões."

As referências negativas são feitas no contexto de comparação da "atividade econômica marcadamente mais fraca no Brasil" com o resto da região, onde mais de 15 países registraram crescimento de pelo menos 5%, e três deles (Argentina, República Dominicana e Venezuela), de 9%.

Preços favoráveis e uma forte demanda teriam, segundo a OMC, estimulado as importações na América Latina, que registrou um aumento de 14% no volume de importações, ante 8,5% de aumento nas exportações.

"O crescimento médio das importações regionais esconde desdobramentos contrastantes entre o Brasil e as outras economias da região", diz a OMC, acrescentando que a América do Sul e Central tiveram aumento de 17% nas importações de produtos industrializados, enquanto no Brasil esse aumento foi de "apenas 5%" em 2005.

De acordo com o levantamento da OMC, o comércio intra-regional cresceu em 27%, respondendo por quase um quarto do comércio total desses países. Apesar da recuperação, diz o relatório, as trocas intra-regionais continuam abaixo dos níveis de 2000.

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"A América do Norte continuou sendo o destino mais importante para as exportações da América do Sul e Central (33%), embora a sua proporção tenha caído consideravelmente desde 2000, quando respondia por 39%."

Para a Europa, o crescimento de exportações foi de 15% - o menor registrado entre os destinos das exportações da região.

Além do fraco desempenho econômico, a Europa foi a região que menos expandiu as suas exportações, embora mantenha a liderança no exportação de serviços, diz o relatório.