Depois de dois anos no vermelho, a balança comercial brasileira voltou a registrar resultado positivo no primeiro semestre, quando as vendas ao exterior superaram as compras em US$ 2,222 bilhões. O número superavitário, no entanto, é reflexo de um quadro de importações menores, por causa da economia em marcha lenta, já que as exportações brasileiras continuaram em retração no período. Nos seis primeiros meses do ano, as compras do exterior caíram 18,5%, enquanto as vendas recuaram 14,7%.
O resultado de junho foi decisivo para reverter a tendência de queda que vinha se acumulando até então. No mês passado, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 4,527 bilhões, o segundo melhor resultado para o mês da história. O valor é explicado pela queda significativa (-20,6%) nas importações em junho; e pelas exportações, que continuaram em queda (-8,7%), mas em níveis menores do que nos meses anteriores.
De acordo com o diretor de estatística e apoio à exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Herlon Brandão, a safra agrícola – os embarques de soja em grão bateram recorde no mês – e a quantidade maior de produtos como minério de ferro e frango in natura vendidos ao exterior contribuíram para o resultado.
O resultado da balança comercial é bom, mas não é nobre, porque se faz às custas de uma contração do nível de atividade doméstico, com menos importação.
Além disso, o dólar valorizado começa a ajudar os exportadores brasileiros. Ainda assim, os preços das commodities comprimidos no mercado externo ainda prejudicam o valor das vendas. “Temos visto uma melhora nas quantidades exportadas, mas o aumento de volume exportado não é suficiente para compensar a queda dos preços”, avalia Brandão.
Plataforma
Outro fator que contribuiu para o superávit de junho foi a venda de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 690 milhões. A operação é contabilizada como uma exportação, mas a plataforma não chega a deixar o país. Ela é vendida a uma empresa no exterior e alugada para sua subsidiária no Brasil, recolhendo, assim, menos tributos.
Para o segundo semestre, o governo prevê um crescimento nos valores exportados e espera que o câmbio valorizado também ajude. Há expectativa de melhora nas vendas para os Estados Unidos por conta da aproximação comercial e recuperação da economia no país, que acaba de autorizar a entrada da carne bovina brasileira em solo americano. “Esperamos que exportação de carne bovina se recupere com abertura de mercados como China e Estados Unidos”, afirmou Brandão.
O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, avalia que o saldo da balança brasileira pode chegar a US$ 10 bilhões em 2015. Apesar de considerar surpreendente o desempenho da balança comercial em junho, Silveira avaliou ainda ser cedo para falar em uma arrancada na economia a partir do setor externo.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast