A balança comercial brasileira registrou um superávit (exportações menos importações) de US$ 20 bilhões em 2010, confirmou nesta segunda-feira (3) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Trata-se do resultado mais baixo desde 2002, quando as exportações superaram as importações em US$ 13,19 bilhões.
Frente ao ano de 2009, quando foi registrado um saldo positivo de US$ 25,27 bilhões, a queda foi de 19,8%. Apesar do recuo, o resultado ficou acima do esperado pelo mercado financeiro. Durante todo ano passado, os economistas dos bancos apostaram que o superávit comercial de 2010 ficaria em torno de US$ 15 bilhões a US$ 16 bilhões. O próprio BC previa um resultado positivo de US$ 17 bilhões no ano passado.
Causas
O dólar barato e o crescimento do emprego e da renda, junto com a elevação dos investimentos, segundo economistas, são o combustível para o forte crescimento das importações neste ano. Com o dólar em um nível considerado baixo, as compras do exterior ficam mais baratas, enquanto as exportações brasileiras se tornam mais caras.
No ano passado, segundo números do governo federal, tanto as exportações quanto as importações bateram recordes históricos. A diferença é que as importações avançaram bem mais do que as vendas externas - fator que contribuiu para a deterioração do saldo comercial.Em 2010, as importações somaram US$ 181,63 bilhões, ou US$ 723,7 milhões por dia útil. Já as vendas ao exterior totalizaram US$ 201,91 bilhões no último ano, o equivalente a US$ 804,4 milhões por dia útil. No ano passado, as importações subiram 41,6%, e as exportações avançaram 31,4%.
O que é?
A balança comercial é um dos componentes das contas externas brasileiras. Devido também ao fraco resultado da balança no ano passado, as chamadas "transações correntes", formadas pela balança comercial, pelos serviços e pelas rendas, deve registrar em 2010, segundo o BC, um déficit de US$ 49 bilhões - o maior da história.
Com isso, o Brasil passa a depender de aplicações financeiras (entrada de recursos no país para bolsas de valores e renda fixa) e de empréstimos do exterior para cobrir o rombo das contas externas, uma vez que os investimentos estrangeiros diretos (destinados à produção) devem somar US$ 38 bilhões no ano passado e também neste ano, de acordo com estimativas da autoridade monetária.Aplicações financeiras são consideradas capital mais "volátil" (pois podem deixar rapidamente o país em caso de turbulências) pelos economistas.
Entretanto, especialistas lembram que o Brasil possui mais de US$ 280 bilhões em reservas internacionais em caixa - fator que confere mais tranquilidade para as contas externas brasileiras.
Previsões para 2011
Os economistas de instituições financeiras acreditam que, com o forte crescimento da economia e com o dólar baixo, e também por conta da chamada "guerra cambial", que é o esforço de alguns países para desvalorizarem suas moedas e fornecer melhores condições de competitividade para suas empresas, a balança comercial brasileira deve sofrer nova deterioração em seu saldo em 2011.
A previsão do mercado financeiro é de que o saldo comercial positivo recue novamente, agora para US$ 8 bilhões neste ano, o que, se confirmado, será o pior resultado desde 2001 - quando foi contabilizado um superávit de apenas US$ 2,7 bilhões. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade de representação do empresariado nacional, o saldo positivo da balança comercial neste ano será de apenas US$ 4 bilhões.
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