O Paraná chegou em novembro ao quarto mês consecutivo de déficit em sua balança comercial, com importações superando exportações em mais de US$ 400 milhões. Com o resultado, o déficit acumulado no ano chegou a US$ 1,2 bilhão, cifra que dificilmente será revertida em dezembro.
O saldo negativo acumulado em 2011 compreende quase um mês inteiro de exportações paranaenses, cuja média em 2011 é de US$ 1,4 bilhão por mês. Caso o estado vendesse ao exterior exatamente essa cifra em dezembro, as importações teriam de ficar abaixo de US$ 200 milhões algo quase impossível nesta época do ano para que o saldo fechasse o ano no azul. Por isso, tudo indica que, pela primeira vez desde 2000, o Paraná terminará o ano com balança comercial deficitária, possibilidade que vem sendo apontada há vários meses por reportagens da Gazeta do Povo.
Desde janeiro, o Paraná comprou US$ 17,2 bilhões em importados e vendeu ao exterior US$ 15,9 bilhões. Os números correspondem a aumentos de 35% e 22%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram apresentados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), durante o Encontro de Comércio Exterior do Mercosul (Encomex Mercosul), que está sendo realizado em Curitiba.
Além do saldo negativo em si, outro aspecto desfavorável ao Paraná está na característica dos produtos que compra e vende: enquanto grande parte de suas exportações são de produtos de baixo valor agregado, as importações paranaenses se concentram em manufaturados e commodities de grande custo.
No ano, os produtos que lideram a lista de vendas do estado são a soja (com US$ 3,2 bilhões e participação de 20,2% no total exportado) e o complexo carnes (com US$ 1,9 bilhão e fatia de 12,4%). Nas compras, pesam no Paraná as importações de automóveis e partes (US$ 3,4 bilhões e 19,6% de participação nas compras), máquinas e equipamentos (US$ 2,8 bilhões e 16,6%) e combustíveis e lubrificantes (US$ 2,4 bilhões, 14%).
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, os resultados não chegam a preocupar, e podem até ser classificados como "um déficit bom". Isso porque uma parcela significativa das importações estaria vindo para abastecer indústrias do estado algumas delas, recém-instaladas. "Se olharmos pelos resultados gerais, o Paraná possui a quarta maior corrente comercial [soma de importações e exportações] do país, e está apresentando índices já superiores aos de 2008, acumulando bom crescimento tanto nas compras quanto nas vendas", disse Campagnolo, que participou do Encomex.