Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Comércio exterior

Balança tem primeiro déficit em oito anos

Confira os índices da balança comercial brasileira desde 2001 |
Confira os índices da balança comercial brasileira desde 2001 (Foto: )

Após a tentativa frustrada de barrar importações na semana passada, o governo anunciou ontem o pior resultado da balança comercial desde novembro de 2000 e o primeiro déficit mensal desde março de 2001. As exportações em janeiro foram de US$ 9,788 bilhões, e as importações, de US$ 10,306 bilhões, acumulando um resultado negativo de US$ 518 milhões no saldo comercial.

Na média diária, a desaceleração nas vendas de produtos brasileiros ao exterior chegou a 22,8% em relação a janeiro do ano passado, quando foram exportados US$ 13,277 bilhões.

Em compensação, as compras fora do país caem num ritmo mais lento: 12,6% na mesma comparação. Além disso, o Brasil vem sofrendo a concorrência de outros países nas vendas em mercados considerados compradores tradicionais.

"A queda nas exportações é o que nos preocupa. Isso é retração da demanda [mundial]. Temos que esperar o mundo se recuperar, não tem o que fazer", disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Welber Barral. Antes do anúncio de ontem, o mercado previa superávit comercial de US$ 14 bilhões neste ano, contra US$ 24,7 bilhões em 2008, já uma queda de 38% em relação a 2007.

As vendas de aço são um exemplo da concorrência que o Brasil vem sofrendo de outros países. Segundo ele, as exportações do produto para EUA, Colômbia e Chile estão sendo afetadas por maior agressividade comercial da China, e para a América Latina pela presença da União Europeia. "Os estoques estão sendo vendidos a qualquer preço", afirma Barral.

Depois da suspensão da adoção de licença prévia para importações, o Ministério do Desenvolvimento faz forte pressão para o Ministério da Fazenda acelerar o anúncio das novas medidas pró-exportação. Embora a retração da demanda mundial seja a grande responsável pela redução das vendas externas, o crédito ao setor exportador ainda é um problema que não foi resolvido. O Ministério do Desenvolvimento também vê espaço para o aumento da desoneração tributária aos exportadores.

Comédia

"Houve uma série de mal-entendidos e ruídos. Foi uma comédia de erros de Shakespeare que se chamaria "muito barulho por nada’", disse Barral, ao justificar a decisão do governo de recuar da medida que exigia licença prévia para importações. Em vigor de segunda a quarta da semana passada, a restrição foi duramente criticada por empresários e considerada uma demonstração de protecionismo do Brasil.

Segundo fontes ligadas ao governo, o episódio da suspensão de licenças ainda não foi "digerido" pelo ministro Miguel Jorge e, sobretudo, pelo secretário de comércio exterior, Welber Barral. A avaliação nos bastidores é de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, passou toda a responsabilidade pela adoção das licenças prévias ao Ministério do Desenvolvimento, quando a própria equipe da Fazenda tinha conhecimento da medida. Esse mal-estar vem alimentando rumores na Esplanada dos Ministérios de que o ministro Miguel Jorge possa deixar o cargo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.