Bancários de todo o país podem entrar em greve por tempo indeterminado a partir da próxima quinta-feira. Ontem, eles receberam proposta de reajuste de 2% da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) a primeira após quase 50 dias de negociações. "Está bem abaixo daquilo que a gente gostaria", destaca o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Antônio Luiz Fermino.
Na próxima quarta-feira, haverá assembléias em todo o país para decidir se a greve será deflagrada ou não. "Se não houver avanço na negociação até lá, é bom informar a população que os bancos não devem funcionar a partir de quinta", avisa o secretário.
Os bancários afirmam que o aumento de 2% não repõe nem a inflação do período de 2,85% entre setembro do ano passado e agosto deste ano, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve de base para reajustes salariais.
Durante reunião realizada ontem, a Fenaban também propôs, além dos 2% de reajuste, o pagamento de participação nos lucros e resultados (PLR) de 80% do salário mais R$ 816 de parte fixa. Nos bancos em que o lucro cresceu ao menos 25% neste ano, a PLR seria acrescida ainda de R$ 500.
O comando nacional dos bancários, que reúne representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), de federações estaduais de bancários e dos dez maiores sindicatos, reuniu-se para avaliar a realização de uma nova greve. Na terça-feira, 120 mil bancários fizeram paralisação em 23 estados e no Distrito Federal. Em Curitiba, 43 agências do centro (inclusive o atendimento nos caixas eletrônicos) foram fechadas pelo Sindicato dos Bancários da capital. Ontem a greve continuou, mas em apenas seis estados, nos quais o Paraná não estava incluído.
Os bancários reivindicam aumento real de 7,05%, além da reposição da inflação e participação maior nos lucros e resultados de 5% do lucro líquido linear, mais um salário bruto acrescido de R$ 1,5 mil.
No ano passado, quando houve greve de seis dias, os bancários receberam reajuste de 6% (1% de aumento real), mais R$ 1,7 mil de abono e PLR mínima de 80% do salário mais R$ 800. "A proposta dos bancos é menor que a do ano passado, mesmo com aumentos recordes de lucratividade", afirmou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT.