Bancários dos bancos privados e do Banco do Brasil de Curitiba e região decidiram ontem, em assembléia geral, aceitar a proposta salarial da Federação Nacional dos Bancos e revogaram a decisão tomada na véspera de entrar em greve geral por tempo indeterminado. Apenas os funcionários da Caixa prosseguirão a greve iniciada ontem.
"Os bancários da Caixa desequilibraram a proporcionalidade entre os demais, aprovando uma greve geral", explicou a presidente do Sindicato dos Bancários, Marisa Stédile. Contaminada pela presença maciça de funcionários da Caixa e a despeito da orientação do Comando Nacional de Greve para que a categoria aceitasse a contraproposta patronal, a assembléia de terça-feira aprovou por votação apertada 419 a favor e 388 contra uma greve geral que incluía bancos privados e Banco do Brasil.
Mas os funcionários dessas instituições trabalharam normalmente ontem, o que levou o Sindicato dos Bancários a recolocar em votação a proposta salarial da Fenaban. Os bancários pediam reajuste de 10,3% (5,5% de aumento real e 4,82% de inflação), enquanto os patrões ofereceram aumento de 6% (1,2% de elevação real).
Ontem, o comando de greve corrigiu a metodologia de votação da véspera e, ao invés de voto secreto, fez a votação por "contraste". Cartões coloridos diferenciavam funcionários das instituições privadas, do BB e da Caixa, para garantir equilíbrio na decisão. Compareceram 760 pessoas e a decisão foi tomada por maioria, "levando-se em conta o cenário nacional e o cenário local", segundo a assessoria de imprensa do sindicato.
Caixa
De acordo com a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-PR), 3 mil funcionários da Caixa Econômica paralisaram as atividades em 80 unidades bancárias do estado que incluem agências e centros administrativos. Eles pedem isonomia de direitos entre os contratados antes e depois de 1998, que têm plano de cargos e salários diferentes. A CEF não se pronunciou sobre o assunto.
Em Curitiba, de acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, dos 2,5 mil empregados da CEF, 2,4 mil aderiram à greve. "Ficaram só alguns gestores trabalhando. O auto-atendimento foi mantido por causa do calendário de pagamentos dos aposentados, que é nesta semana", disse o diretor de bancos públicos da organização e funcionário da CEF, Antonio Luiz Fermino.
A reivindicação dos funcionários da CEF é antiga. "Mas desta vez avisamos a empresa que não vamos ficar sem ao menos uma proposta." Todas as 37 unidades da CEF de Curitiba ficaram fechadas. Na região metropolitana, apenas as agências de Campo Largo e da Lapa permaneceram abertas. No restante do estado, o movimento foi mais forte no Norte Pioneiro.
Ontem de manhã, houve paralisação também no prédio da Tiradentes do BB e na Central de Atendimento em São José dos Pinhais. De acordo com os sindicalistas, estão concentrados na unidade o maior número de terceirizados do banco no estado, cerca de 1,2 mil do total de 1,5 mil.
Clientes
O cliente da Caixa deve usar meios alternativos para honrar seus compromissos bancários. É o caso de pontos de auto-atendimento localizados em espaços públicos e em correspondentes bancários, como farmácias e supermercados. As 152 lotéricas em Curitiba fazem a maioria dos serviços, com exceção dos relacionados ao PIS e ao FGTS. O limite para saque, depósitos e pagamentos de contas é de R$ 1 mil. No BB é possível fazer saques até R$ 100.