Não são apenas os funcionários das montadoras que se queixam de adoecer no trabalho. Afastamentos por lesões por esforço repetitivo, já não são novidade na rede bancária. Segundo o Sindicato dos Bancários, de cada 10 trabalhadores, 3 apresentam lesões. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT-PR) também vê problemas no setor bancário. "Percebemos um aumento enorme de problemas psicológicos", diz o delegado Geraldo Serathiuk.
É o caso da bancária M.C.M, de 36 anos, que sofre de distúrbios psicológicos e prefere não se identificar. M. trabalhou por seis anos no extinto banco Meridional. Há quatro anos o banco foi vendido para o Santander, e a partir daí, segundo ela, as condições de trabalho começaram a piorar. "Com as demissões em massa, os funcionários que ficaram, além do medo de perder o emprego, trabalhavam sobrecarregados. Na agência onde eu trabalhava, na região central, havia apenas três funcionários para cuidar de tudo."
Sua vida passou a ser dentro do banco. Entrava às 9h30 e não saía antes das 22 h. Parou de estudar. A pressão desencadeou ataques de gastrite e pressão alta. Meses depois, M. obteve no psiquiatra o diagnóstico de Síndrome de Burnout, definida por especialistas como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional. A empresa emitiu o Comunicado de Acidente do Trabalho (CAT) e M. está, há 15 dias, afastado pelo INSS. Com insônia e sem comer, vive à base de antidepressivos e calmantes. Não pretende voltar ao banco "Não consigo nem ver propaganda na televisão", diz. O Santander Banespa preferiu não comentar o assunto. (ML)
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