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Greve

Bancários votam proposta amanhã

Agência fechada em Curitiba: bancários completaram 14 dias em greve ontem. No Paraná, 607 unidades estão sem funcionar | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Agência fechada em Curitiba: bancários completaram 14 dias em greve ontem. No Paraná, 607 unidades estão sem funcionar (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Os bancários, em greve há 14 dias, devem votar amanhã a nova proposta de reajuste salarial, apresentada ontem pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) em São Paulo. Por causa da paralisação, 273 agências de Curitiba e região metropolitana estavam fechadas ontem. Segundo o Sindicato dos Bancários, a adesão atinge 61% das agências e mobiliza 10,5 mil trabalhadores.

As negociações entre empregados e patrões foram retomadas no sábado, quando a Fenaban apresentou uma nova proposta, considerada insuficiente pelos trabalhadores. Ontem, em mais uma assembleia, os representantes dos bancos propuseram novos reajustes, de 16,33% nos pisos salariais e de 7,5% para quem ganha até R$ 5.250. Para salários superiores a esse patamar, a proposta prevê um fixo de R$ 393,75 ou reajuste de 4,29%, equivalente à inflação do período – o que for maior.

A proposta de ontem melhorou a que foi apresentada no sábado, que previa 6,5% de reajuste para quem ganha até R$ 4.100 e um valor fixo de R$ 266,50 para os demais. Inicialmente, os bancários pediam aumento geral recorde de 11% (7% de aumento real, mais 4,29% de reposição da inflação medida pelo INPC).

Os novos pisos salariais, se a proposta da Fenaban for aceita, vão de R$ 748,59 para R$ 870,84 na portaria e de R$ 1.074,46 para R$ 1.250 no escritório, o que inclui caixas. A proposta também melhora a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para 90% do salário mais R$ 1.100,80, limitado ao teto de R$ 7.181.

O Paraná contabiliza um total de 607 agências fechadas (66% do total), com cerca de 14,9 mil trabalhadores de braços cruzados, segundo levantamento do Sindicato dos Bancários da Grande Curitiba. As assembleias de votação da nova proposta vão ocorrer em todo o Brasil – na capital paranaense está marcada para 18h30.

Os bancos HSBC e Bradesco, que conseguiram interditos judiciais – documento que impede o sindicato dos bancários de intervir no fechamento das agências e demais locais de trabalho –, mantinham as agências abertas ontem. As agências do Itaú-Unibanco, que também haviam conseguido manter as agências abertas por meio de interdito contra o sindicato, não abriram ontem. A paralisação foi fruto de uma mobilização da Federação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Paraná (Fetec) junto aos funcionários. A Fetec já havia realizado uma ação semelhante na última sexta-feira, no Bradesco.

Segundo dados da Febraban, o país tem 19.830 agências bancárias. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), essa é a maior greve da categoria bancária nos últimos 20 anos.

Dificuldades

A greve vem provocando transtornos para os clientes, que, em algumas agências, têm tido dificuldade para sacar dinheiro. Apesar do feriadão, havia filas nos caixas eletrônicos de vários bancos no centro da cidade ontem, e alguns deles não estavam funcionando (caso do Banrisul e do Santander). A aposentada Cristina Rendaki, cliente do Banco do Brasil, conta que estava indo de banco em banco para conseguir desbloquear seu cartão. "Eu liguei para a Hipercard e eles falaram que o Itaú estava funcionando. Mas já fui em algumas agências e elas não estão abertas." O inspetor de colégio Marcio Sedlak foi ao Itaú para tentar fazer um depósito mas não havia envelopes. "Eles têm as questões deles, mas estão prejudicando as outras pessoas. Nós também precisamos fazer as nossas coisas."

Alguns serviços, no entanto, continuam funcionando – como a abertura de contas. O vendedor Jonathan Mendes foi até o Itaú e abriu uma conta salário ontem através do vidro que separa os caixas automáticos da agência. "Foi a empresa que me encaminhou até aqui, talvez por isso eles tenham me atendido."

Colaborou Francielle Ciconetto.

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