Depois de emprestar dinheiro para várias iniciativas de economia solidária no Morro São Benedito, em Vitória, no Espírito Santo, o grupo de mulheres da moda acabou se inspirando no Banco Palmas do Ceará, para criar o banco Bem.
No morro, já havia grupos de marcenaria, cozinha, móveis, produtos de limpeza efabricantes de vassouras feitas com garrafas de refrigerantes, cujas máquinas foram compradas com doações de empresários ligados a igreja católica. Os empresários estiveram no morro, viram as iniciativas e acabaram doando mais recursos. Com R$ 19 mil na conta, teve início o Banco Bem.
A palestra do coordenador do Banco Palmas, Joaquim de Melo, em Vitória sensibilizou, 10 mulheres do morro. No final da palestra disse ao Joaquim no elevador: A gente tem vontade de montar um banco", lembra Leonora Michelin Laboissière Mol, hoje coordenadora do Banco Bem, que o acompanhou no elevador.
"Ele estava com pressa para não perder o voo, mas deu tempo de responder que tinha R$ 2 mil quando montou o Banco Palmas. Disse que dava para montar um banco e que iria se chamar Bené", conta ainda Leonora.
Só que o nome não foi bem recebido na comunidade. Não acharam Bené um nome requintado o suficiente para um banco. Lá é Palmas Fashion, Palmas Card, moeda Palmas. E o nosso banco vai chamar Bené?, protestou uma das mulheres que aguardavam Leonora no nono andar do prédio onde ocorreu a palestra.
Depois de definir que o nome do banco seria Bem, com a certeza de que faria um bem enorme para o Morro São Benedito, os moradores passaram a chamar todos os grupos de economia solidária existentes na comunidade de Bem. O grupo da moda virou Bem Arte Moda, a marceneria virou Bem Arte Madeira, veio ainda o Bem Decorar, o Bem Construir, que fabrica tijolos ecológicos, Bem Nutrir, formado pela turma da cozinha e Bem Limpar, com suas vassouras de garrafas de refrigerante, sabão e outros produtos de limpeza.
A criação do banco, em 2005, foi um fomento a todas as atividades já desenvolvidas no morro e os trabalhadores dos vários grupos acabaram formando a Coopbemi que agrega hoje todos os empreendimentos coletivos da economia solidária no morro, além de uma incubadora de novos empreendimentos.