O Banco Central subiu os juros básicos da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,50 ponto porcentual, para 10% ao ano. Foi a sexta alta seguida da taxa. A decisão foi unânime e confirmou a principal aposta dos economistas, baseada no atual cenário de pressão inflacionária. O Comitê de Política Monetária (Copom) avalia, segundo comunicado, "que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".
INFOGRÁFICO: Taxa Selic está em alta
A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.
Perspectivas
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o ciclo de aumento da Selic deve continuar nos primeiros meses do ano que vem. Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o juro deve ter mais duas altas de 0,50 ponto porcentual, até chegar a 11% ao ano em fevereiro. Depois disso, deve ficar estável pelo menos até o fim do ano. "O Banco Central está apresentando uma postura mais conservadora devido às pressões inflacionárias. Com isso, ele dá a entender que está vigilante com a política monetária dos Estados Unidos, enquanto tenta enxugar um pouco os exageros nos gastos públicos no Brasil", diz.
Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global, prevê dois aumentos da taxa de 0,25 ponto porcentual em janeiro e fevereiro do ano que vem, o que levaria a Selic para 10,5% ao ano. "A Selic deve continuar subindo porque a inflação está elevada e a perspectiva de reajuste nos preços dos combustíveis deve pressionar ainda mais", afirma. O economista diz ainda que a continuidade do aperto monetário depois de fevereiro vai depender dos resultados dos índices de preços, mas que não é interessante para o Banco Central subir a Selic novamente para níveis superiores a 11% ao ano, por questões políticas e também de credibilidade financeira.