Reunido pela terceira vez em 2021, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve manter o ritmo de alta da taxa básica de juros e levar a Selic para 3,5% ao ano nesta quarta-feira (5) conforme as previsões do mercado. Caso a avaliação se confirme, o reajuste será de 0,75 ponto percentual, igual àquele promovido pelo BC em março, quando a Selic saiu dos 2% (seu menor nível da série histórica, iniciada em 1986) e avançou aos atuais 2,75%. Foi a primeira elevação em seis anos.
A previsão de aumento de 0,75 pp na taxa básica de juros é praticamente consenso entre os analistas e foi sinalizada pelo próprio Copom no comunicado da reunião anterior. Na avaliação do departamento econômico do Bradesco, "o Banco Central deverá seguir a sua sinalização prévia de elevar a taxa de juros na mesma magnitude com o qual iniciou o processo de normalização monetária em março". A expectativa ficará voltada, assim, para os sinais relacionados às próximas decisões, "de modo particular no que se refere à utilização do termo "normalização parcial'", usado pelo BC em março.
Na interpretação do economista Fabio Astrauskas, a frase significa que o BC deve abandonar a postura de apontar vieses futuros e adotar reavaliações profundas mês a mês. "O Copom vai viver uma situação de reunião a reunião. Não vai mais soltar aqueles comunicados como vimos em um passado recente de 'viés de neutralidade' ou então 'viés de crescimento'", acredita. A perspectiva, assim, é de que a autoridade monetária não ofereça mais sinais tão claros como feito anteriormente.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o BC deve se mostrar austero no controle da inflação, buscando o centro da meta (que é de 3,75% em 2021, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos), mas não vai se comprometer com um ciclo de elevação do juro que exceda o horizonte visível.
No momento, bancos e consultorias veem a inflação medida pelo IPCA atingindo 5,04% no fim do ano, segundo a mediana das projeções do último Boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira (3).
"Existe um grau de incerteza muito elevado e um cenário mais nublado no tocante à política monetária, por isso o Banco Central não pode ser tão taxativo", avalia. Nesse mesmo sentido, o analista não vê amarras que contenham uma evolução mais célere nas altas caso a economia se aqueça mais rápido que o esperado.
Ainda de acordo com Sanchez, o principal objetivo da elevação dos juros por parte do Copom é conter o avanço das expectativas de inflação para 2022.
A meta do BC para o ano que vem é de IPCA em 3,5% (com tolerância de 1,5 pp acima ou abaixo), e as expectativas no momento apontam para um índice de 3,61%, de acordo com o Focus.
"A atividade [econômica] tende a se frustrar, mas isso formará uma âncora para a inflação e, na nossa perspectiva, fará com que o BC não precise subir a taxa básica de juros para além de 5% ao ano [até o final de 2021]", pondera.
A previsão mediana do último Boletim Focus é de Selic a 5,5% ao ano no término de 2021 e 6,25% no fim de 2022.
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