Gregos fazem fila para sacar dinheiro em caixas eletrônicos| Foto: ALEXANDROS VLACHOS/EFE

O Banco Central Europeu decidiu neste domingo (28) que, por enquanto, não vai aumentar o fundo de assistência emergencial aos bancos da Grécia.

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Em nota após reunião, o BCE anunciou que o fundo está mantido, mas no limite da última sexta-feira (26), de € 89 bilhões, sem mais recursos, por ora. O órgão afirmou, no entanto, estar pronto para rever sua decisão a qualquer momento para “manter a sustentabilidade financeira” da Grécia. “Continuamos trabalhando próximos ao Banco Central da Grécia”, disse o órgão europeu.

A ajuda, chamada de “ELA” (assistência de liquidez de emergência), serve para os bancos gregos reporem os recursos retirados pela população. As instituições bancárias do país precisam reagir à onda de saques dos últimos dias e que deve aumentar a partir desta segunda (29), véspera do possível calote de € 1,6 bilhão do governo ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Pelo menos € 5 bilhões foram sacados em 15 dias. Jornais gregos relatam grandes filas de pessoas em caixas eletrônicos neste fim de semana. O governo da Grécia convocou uma reunião de emergência nesta noite para discutir o assunto.

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BCE e lideranças europeias pressionam a Grécia a impor o quanto antes um controle de capitais, ou seja, restringir os saques. O governo comandado pelo premiê Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza, resiste. Especula-se que os bancos possam nem abrir nesta segunda-feira.

Nas duas últimas semanas, o BCE aumentou o nível dessa assistência emergencial, dando liquidez e sobrevida aos bancos gregos em meio às negociações para pagar a dívida. O órgão europeu se reuniu neste domingo para avaliar o aumento desse fundo após a Grécia romper as negociações no sábado (27).

NEGOCIAÇÃO

Para evitar o calote no FMI, a Grécia quer desbloquear o acesso a € 7,2 bilhões, última parcela do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e do BCE desde 2010. As negociações foram suspensas no sábado (27), depois que a Grécia anunciou uma consulta popular para o próximo dia 5. Os credores e os países da zona do euro exigem compromissos fiscais em troca de um acordo e discordaram da decisão de anunciar uma votação.

A proposta de votação, anunciada na sexta (26) à noite, foi aprovada na madrugada deste domingo (28) pelo Parlamento grego em sessão extraordinária.

Os credores exigem mais cortes de gastos e reforma profunda na Previdência. A Grécia fez uma proposta de ajuste de € 7,9 bilhões que não foi aceita. Eleito em janeiro sob a bandeira contra medidas de austeridade, Tsipras vive o dilema de topar um acordo que contradiz seu discurso de campanha ou levar o país a um caminho cada vez mais distante da zona do euro.

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O premiê faz uma aposta de risco político: se a população optar pela negociação, Tsipas vai, em tese, aceitar algo, segundo suas palavras, “humilhante” para a Grécia. O governo grego rejeitou na sexta uma última oferta dos países da zona do euro de prorrogar por mais cinco meses a dívida em troca de receber uma ajuda de € 16,3 bilhões. O novo socorro dependeria, no entanto, de a Grécia concordar com as reformas.

PESQUISA

Duas pesquisas divulgadas por jornais da Grécia neste domingo (28) apontam que a maioria da população é a favor de um acordo com os credores e, consequentemente, da permanência na zona do euro.

Os dois levantamentos foram feitos entre quarta (24) e sexta-feira (26), em meio às negociações com os credores e antes do anúncio do governo de uma consulta popular no dia 5 de julho sobre o tema. O Parlamento do país aprovou na madrugada deste domingo a realização da votação.

Segundo pesquisa do jornal “Proto Thema”, feita pelo instituto Alco, 57% defenderam um acordo com os credores para o país continuar no bloco da moeda única, e 29% responderam preferir um rompimento. Ao todo, 1.000 pessoas foram ouvidas. Já o jornal “To Vima” divulgou pesquisa do instituto Kapa com 1.005 entrevistados em que 47,2% são favoráveis a uma solução dentro da zona do euro e 33% votaram contra (18% estavam indecisos).

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