Fed rebaixa expectativa de inflação em 2013
O Federal Reserve reduziu suas expectativas para a inflação nos EUA neste ano e agora prevê uma taxa entre 0,9% e 1,0%. O banco central norte-americano também informou que espera que a inflação permaneça abaixo ou perto da meta de 2,0% até 2016.
Para o Produto Interno Bruto (PIB) a estimativa do Fed é de crescimento entre 2,2% e 2,3% neste ano, entre 2,8% e 3,2% em 2014 e entre 3,0% e 3,4% em 2015, com uma leve desaceleração em 2016 para expansão entre 2,5% e 3,2%.
A previsão do Fed para um dos principais fatores que leva em conta em sua política monetária, a taxa de desemprego, também foi reduzida. O banco central prevê desemprego entre 7,0% e 7,1% neste ano, entre 6,3% e 6,6% em 2014, entre 5,8% e 6,1% em 2015 e entre 5,3% e 5,8% em 2016. O gatilho do Fed para a taxa de desemprego foi mantido em 6,5%.
Redução de estímulo sugere cautela do BC americano
A redução dos estímulos econômicos nos Estados Unidos foi considerada cautelosa por analistas de mercado. A medida surpreendeu o mercado, que esperava o início da redução dos estímulos apenas no início de 2014.
"O valor é pequeno. O mercado estava mais receptivo à ideia de um corte ainda neste ano, mesmo as principais apostas sendo mantidas para 2014, porque indicadores econômicos positivos demonstraram o fortalecimento da economia americana. Por isso, já esperavam que, se fosse haver corte, seria em torno de US$ 10 bilhões", diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, a definição do orçamento americano na semana passada sinalizou que o corte aconteceria, embora o mercado, em geral, não tenha interpretado dessa forma. "Ele ficou um pouco mais apertado do que se esperava, indicando que a intenção foi tentar evitar um novo fechamento do governo, como aconteceu em outubro, mas também indicando que haveria um estímulo menor à economia", avalia.
A redução, segundo Figueredo, não foi "drástica" e sinaliza que o Fed está acreditando que a economia pode voltar a andar com as próprias pernas no futuro. "Os investidores têm que olhar pelo lado positivo. Se o Fed acha que a economia melhorou, é porque ela deu condições para isso. A medida do Fed também indicou que a retirada será gradual, o que ameniza o efeito negativo sobre as Bolsas globais e o câmbio", diz.
Com a diminuição do estímulo, cai o volume de recursos disponíveis para investimento fora dos EUA, como no Brasil, o que prejudica o mercado de ações e pressiona para cima a cotação do dólar sobre o real.
O Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, anunciou nesta quarta-feira (18) que vai reduzir de US$ 85 bilhões mensais para US$ 75 bilhões por mês as compras de títulos públicos que injetam dinheiro na maior economia do planeta. A decisão foi anunciada após reunião do órgão. A diminuição dos estímulos deve começar em janeiro. No ano passado, o Fed iniciou um programa de aquisição de títulos da dívida pública norte-americana, num esforço destinado a manter os juros baixos e apoiar a economia do país. Desde o fim de maio, a autoridade monetária dos Estados Unidos tinha indicado que poderia reduzir as ajudas monetárias por causa da recuperação da economia do país.
A autoridade já havia afirmado que 100% do incentivo será retirado até o fim de 2014, mas a principal aposta no mercado financeiro era que o corte só começaria no início do ano que vem, embora dados recentes da atividade dos EUA tenham mostrado o fortalecimento da economia -abrindo a possibilidade de o Fed começasse a redução.
No Brasil, o efeito do anúncio não foi sentido pelos mercados, que estavam prestes a ter os negócios encerrados. O principal indicador positivo recente sobre a economia americana foi o relatório de emprego de novembro, quando a taxa de desemprego naquele país caiu para 7% ao ano. A última vez que o desemprego nos EUA havia ficado abaixo desse patamar foi em novembro de 2008, no auge da crise financeira, quando a taxa chegava a subir 0,5 ponto percentual de um mês para o outro.
O crescimento econômico dos EUA também reforça a tese de que o país já consegue andar com suas próprias pernas, dando base para um corte no estímulo em breve. No início deste mês, foi divulgado que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu à taxa anual de 3,6%, bem acima das projeções do mercado, em torno de 3%.
Impactos
Um corte tende a prejudicar a Bolsa brasileira e os demais mercados internacionais, que nos últimos anos têm se beneficiado com uma entrada maior de investimentos estrangeiros por conta da injeção mensal de recursos na economia dos EUA pelo Fed. O dólar também tende a subir mais em relação ao real.
Isso porque, com a diminuição do estímulo, cai o volume de recursos disponíveis para investimento fora dos EUA, como no Brasil. O peso dessa perspectiva é sentido no mercado brasileiro desde o início do ano, contribuindo para a queda acumulada em torno de 17% do Ibovespa, principal índice da Bolsa nacional, em 2013. Já o dólar sobre, no ano, cerca de 14% em relação ao real. "A retirada do estímulo (nos EUA) também afeta as taxas de juros americanas. Após cortar o programa de recompra mensal de títulos, o próximo passo do Fed seria aumentar o juro básico do país, o que tornaria mais atraentes os títulos públicos dos EUA, remunerados por essa taxa e considerados investimentos seguros", diz Bruno Gonçalves, analista da Wintrade Corretora. Repercussão
A possibilidade de redução dos estímulos vinha provocando instabilidade nos mercados financeiros mundiais nos últimos meses. Com a diminuição das injeções monetárias, o volume de dólares em circulação cai, aumentando o preço da moeda em todo o mundo. No Brasil, o dólar comercial fechou em R$ 2,3426 para venda, com alta de 0,86%, mas os efeitos da medida sobre a cotação só devem ser sentidos nesta quinta-feira (19), porque a decisão foi anunciada logo após o fechamento do mercado de câmbio.
Mais cedo, em encontro de fim de ano com jornalistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tinha comentado a possibilidade de o Banco Central norte-americano reduzir os estímulos. Para o ministro, a diminuição das injeções monetárias provocará instabilidade no câmbio. Mas ele disse ser desejável que o Fed atue com rapidez para evitar a prolongação de incertezas. "Haverá uma redução de estímulos que poderá causar volatilidade no câmbio. Não sei de quanto será essa volatilidade, até porque o próprio mercado já repassou boa parte [do impacto da medida] para a taxa de câmbio nos últimos meses, mas a instabilidade será passageira. Gostaria inclusive que tudo fosse anunciado hoje, para não prolongar as incertezas na economia mundial", declarou o ministro.
De acordo com Mantega, o Brasil está preparado para lidar com uma eventual disparada do dólar nos próximos meses por causa das reservas internacionais em torno de US$ 375 bilhões e das operações de swap do Banco Central, que vende dólares no mercado futuro para conter a pressão sobre o câmbio. O ministro lembrou que a retirada dos estímulos é consequência da recuperação da economia dos Estados Unidos, que trará efeitos positivos para o resto do mundo no médio prazo. "A economia americana irradia crescimento para o resto do mundo. Para o Brasil, o bom desempenho dos Estados Unidos é importante porque o comércio global crescerá e o país poderá exportar mais em 2014", destacou Mantega.
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