O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,25 ponto porcentual a taxa básica de juros da economia, a Selic. Com isso, os juros foram fixados em 10,50% ao ano. Desde agosto do ano passado, o Copom mantinha o patamar de corte em 0,5 ponto percentual. A desaceleração no ritmo de cortes já era esperada pelo mercado financeiro. Este é o sétimo corte promovido pelo BC.
Em nota, o comitê destacou que acompanha "com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária". Na última reunião, o Copom afirmou que poderia fazer uma nova redução de 0,5 ponto percentual, mas a previsão não se confirmou.
Em abril, o governo Lula decidiu rever a meta prevista para 2025, que passou a ser de déficit zero em vez de um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A revisão foi anunciada pouco mais de sete meses após a sanção do arcabouço fiscal.
Após a reunião, o comitê alertou que eventuais quedas na Selic "serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
"O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", diz o comunicado do Copom.
A mudança na meta pelo governo foi criticada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, que é alvo de críticas do presidente. “Sempre que há uma mudança no governo que torna a âncora fiscal menos transparente ou menos crível, significa que você tem que pagar com custos mais altos do outro lado, então o custo da política monetária se torna mais alto... Torna nosso trabalho muito mais difícil se houver a percepção de que não há uma âncora fiscal, porque a âncora fiscal e a âncora monetária precisam trabalhar juntas”, afirmou Campos Neto no dia 15 de abril.
Decisão sobre Selic não foi unânime
A decisão desta quarta, ao contrário das mais recentes, não foi unânime. O Copom ficou dividido e o voto decisivo veio de Campos Neto. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
Do outro lado, quatro diretores nomeados durante o governo Lula defenderam a redução de 0,50 ponto percentual. São eles: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.
O colegiado concordou de forma unânime que o cenário global é incerto e impacta na economia nacional. "O Comitê, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela", diz a nota.
Para o BC, a "política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".
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