Os sinais já vinham do governo Lula. Mas, no governo Dilma Rousseff, a política monetária conduzida pelo Banco Central do Brasil se aproxima, ainda que informalmente, do modelo do Federal Reserve. Nos Estados Unidos, o Fed tem a missão oficial não só de zelar pela estabilidade de preços, mas também de buscar o máximo de empregos, ou seja, inflação baixa e crescimento forte.
No Brasil, o BC tem oficialmente o mandato de buscar a meta de inflação definida pelo governo. Mas a estratégia mais gradualista adotada neste ano mostra que, na prática, o BC de Dilma opera também de olho no crescimento do País, numa espécie de "duplo mandato".
A preocupação do governo em não frear demais o ritmo de crescimento da economia em 2011 está no cerne da decisão do BC em adiar para 2012 a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%. Dilma deixou claro, logo no início da sua administração, que estava comprometida com o controle da inflação, mas sem sacrificar o maior crescimento econômico obtido no segundo mandato do governo anterior.
Apesar de ter autonomia operacional, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e sua equipe estão mais sintonizados com esse objetivo. Aliás, o nome dele foi escolhido exatamente pela avaliação de que Tombini trabalharia nessa direção. Apesar de muitas vezes usar algumas expressões "rabugentas" típicas de banqueiros centrais - como a clássica "um pouco mais de inflação não aumenta o crescimento" -, a prática mostra que o BC acredita que não deve derrubar a atividade econômica para manter a inflação na meta.
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