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Banco do Brasil eleva lucro e reduz calotes, mas vê crédito menor

A combinação de mais concessão de empréstimos, menos calotes e bons resultados com tesouraria fez o Banco do Brasil lucrar mais que o esperado no segundo trimestre, mas o banco prevê um cenário menos animador nos próximos meses, devido à crise global e ao aperto do governo no crédito.

O maior banco da América Latina anunciou na manhã desta terça-feira que teve lucro líquido de 3,357 bilhões de reais no período, alta de 23,2 por cento na comparação anual e acima dos 2,957 bilhões de reais previstos por analistas.

Para o presidente-executivo do BB, Aldemir Bendine, o dado voltou a refletir a ênfase do banco nos empréstimos de menor risco, como o consignado e o financiamento para veículos.

"São linhas com menos margens, mas que nos garantem um colateral", disse Bendine a jornalistas.

De fato, esses foram os segmentos que mais cresceram no BB, cuja carteira de crédito somava 383,38 bilhões de reais no final de junho, um acréscimo de 17,4 por cento em 12 meses.

Os financiamentos para o varejo cresceram 21,2 por cento sobre junho de 2010, a 122,56 bilhões de reais, tendo à frente a carteira de veículos, com um salto de 34,1 por cento.

Já a carteira corporativa teve impulso do segmento de pequenas e médias empresas para subir 21,4 por cento, para 191,2 bilhões de reais.

E ao contrário dos grandes bancos que já reportaram seus resultados, o BB conseguiu reduzir a inadimplência de sua carteira. O saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, ficou em 2 por cento, menor do que os 2,1 por cento do fim do primeiro trimestre e que os 2,7 por cento na comparação anual.

Ainda assim, o banco ampliou em 15,9 por cento as provisões para perdas esperadas com calotes, em relação ao montante do primeiro trimestre deste ano, para 3,05 bilhões de reais, por prever que a inadimplência vai parar de cair.

Outros dois itens ajudaram a turbinar o lucro do banco no período. Um foi o resultado do conglomerado com tesouraria, positivo em 6,95 bilhões de reais, um acréscimo de 13,3 por cento ante o trimestre anterior. Além disso, custos administrativos menores levaram o índice de eficiência cair 3 pontos, para 39,7 por cento (nesse item, quanto menor, melhor).

Assim, o BB fechou o período com rentabilidade sobre o patrimônio líquido recorrente de 26,6 por cento, ante 24,8 por cento de janeiro a março e 26,5 por cento do segundo trimestre do ano passado. O dado também superou a previsão de analistas.

"O resultado do BB foi muito positivo em nossa avaliação", escreveram os analistas Leonardo Zanfelicio e Karina Freitas, da corretora Concórdia, mantendo recomendação de compra para as ações do banco. Às 15h05, os papéis subiam 5 por cento, a 23,76 reais na BM&FBovespa. O Ibovespa avançava 2,6 por cento.

PREVISÕES

Mas diante de um cenário de maiores restrições no crédito, como aumento dos compulsórios e da Selic, o BB reduziu a previsão de aumento de sua carteira de crédito em 2011, da faixa de 17 a 20 por cento para a de 15 a 18 por cento.

"Está crescendo um pouco menos do que esperávamos, especialmente na carteira de varejo", disse Bendine, prevendo que as operações para empresas e as do agronegócio avancem em ritmo superior nos próximos meses. Segundo ele, a inadimplência seguirá controlada no segundo semestre, mas vai parar de cair.

Segundo o executivo, mesmo com um agravamento da atual crise global, é improvável a reedição do cenário visto em 2008, quando a quebra do Lehman Brothers congelou as operações de crédito no mundo inteiro. Segundo ele, desta vez o problema diz mais respeito a dívidas soberanas, como de Estados Unidos e zona do euro.

"Agora isso deve ser combatido mais com aperto fiscal dos governos e não com mais oferta de crédito", disse.

Um primeiro efeito da crise para o banco foi o congelamento dos planos de internacionalização. Após comprar o argentino banco Patagonia e o Eurobank, nos EUA, o BB agora vai esperar passar a crise antes de dar novos passos nesse setor.

O mesmo vale para o mercado doméstico. Diferente da crise anterior, cujos efeitos levaram o BB a comprar o controle da Nossa Caixa e metade do Banco Votorantim, agora o banco não planeja novas ofensivas.

"O BB não precisa de aquisições agora; não devemos ter nada no curto prazo", concluiu.

No fim de junho, os ativos totais do grupo somavam 904,15 bilhões de reais, um incremento de 19,6 por cento na comparação com o fim do primeiro semestre de 2010.

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