Os bancos das montadoras vão receber R$ 4 bilhões do Banco do Brasil para financiar a compra de carros aos consumidores, informou nesta quarta-feira (05) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Com a verba extra que será distribuída entre este mês e dezembro, as instituições pretendem voltar a oferecer juros mais baixos e prazos mais longos de crediário, na tentativa de recuperar as vendas de veículos. No mês passado, os negócios caíram 11% na comparação com setembro.
Diante da retração, montadoras anteciparam férias coletivas de fim de ano ou ampliaram o prazo de licença. A General Motors anunciou um programa de demissão voluntária em duas fábricas.
A ajuda vinha sendo negociada entre montadoras e governo desde o dia 30. Naquela data, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura do Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, e prometeu maior participação dos bancos estaduais no financiamento de veículos para ampliar a oferta de crédito, atualmente escasso por causa da crise internacional.
Com a linha especial destinada à venda de carros novos e usados, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, calcula que a indústria terá fôlego para irrigar o crediário pelo menos por dois a três meses, quando ele espera que a crise já tenha dado trégua. Cada instituição negociará o empréstimo diretamente com o BB, em condições similares às de mercado. Parte da verba virá dos empréstimos compulsórios retidos pelo banco.
Schneider afirmou ainda que algumas das medidas já anunciadas pelo governo, como a nova forma de recolhimento do compulsório sobre depósitos a prazo, começam a ter efeitos. "A oferta de crédito começou a voltar, mas ainda é insuficiente para manter o ritmo de financiamento que tínhamos antes."
Segundo a Anfavea, cerca de 70% das vendas de veículos no País são financiadas. Antes da crise internacional, os bancos ofereciam planos de até 72 meses, sem pagamento de entrada. As vendas de veículos passaram a bater sucessivos recordes mensais, situação interrompida em outubro, quando houve a primeira queda no comparativo anual desde junho de 2006: 2,1% em relação a outubro de 2007, para 239,2 mil veículos.
Nas últimas semanas, além de os juros terem aumentado entre 20% e 30%, os prazos de financiamento caíram para a média de 36 a 42 meses e os bancos passaram a exigir até 50% do valor do carro como entrada.
Inicialmente, Lula e Mantega falaram da participação da Caixa Econômica Federal na criação de linhas para o financiamento de carros, mas o acerto feito hoje não inclui essa instituição. As montadoras também negociam medidas nessa área com a Nossa Caixa, que deve participar do esforço de retomada do crédito a pedido do governador José Serra.
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