| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O Banco do Brasil anunciou nesta quarta-feira (19) que antecipará a fornecedores da cadeia automotiva R$ 3,1 bilhões até o final deste ano no âmbito do protocolo firmado com o segmento e que contempla 26 empresas. Além disso, a instituição anunciou ainda que, a partir da ampliação de acordos do gênero, pretende alcançar 500 empresas com desembolso de aproximadamente R$ 9 bilhões de diversos setores produtivos como cooperativas, incorporadoras e grandes empresas exportadoras.

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No setor automotivo, o protocolo conta com o empenho da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) na intermediação de acordos de cooperação financeira e comercial entre o BB e associadas. Segundo o banco, o risco de crédito dessas operações de antecipação de recursos são reduzidos por meio de compromissos assumidos pelas empresas âncoras, permitindo que as condições e taxas para empresas do início da cadeia produtiva tenham vantagens semelhantes.

O BB anunciou ainda que vai lançar um modelo de relacionamento com revendas de máquinas, equipamentos agrícolas e caminhões. Com apoio da Anfavea e da Fenabrave, a meta do BB é cadastrar até o final deste ano mais de mil revendas. No piloto, o prazo de liberação de financiamentos reduziu de 67 para 14 dias.

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Caixa e BB vão socorrer cadeia produtiva

O governo orientou os bancos públicos a socorrer as empresas da cadeia produtiva de diversos setores liberando financiamentos com juros mais baixos e prazos de amortização mais longos. A estratégia foi revelada nesta terça-feira (18) pela presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, ao assinar o acordo de empréstimos com “condições especiais.

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Caixa

Na terça-feira (18), a Caixa Econômica Federal também firmou convênio com a Anfavea, o Sindipeças e a Fenabrave para apoiar o setor automotivo. A expectativa do banco é liberar aproximadamente R$ 5 bilhões até o fim de 2015 em linhas de capital de giro e de investimento com juros mais baixos e prazos maiores às empresas do segmento.

Novamente, o governo recorre aos bancos públicos para impulsionar a economia. Desta vez, porém, a oferta está centrada nos fabricantes, ou seja, na cadeia produtiva, e não nos consumidores. Após o excesso de oferta em 2010, alguns bancos passaram a restringir a liberação de recursos para a compra de veículos em meio ao estrago que as linhas sem entrada e de 90 meses geraram nos calotes. As condições hoje são muito mais rigorosas, incluindo maior entrada e menor prazo.

Ao final de junho, o BB somava carteira de crédito a veículos (pessoa física) de R$ 31,9 bilhões, cifra 1,3% menor ante março e 3,9% inferior na comparação anual. O banco que mais tem restringido o crédito para a compra de veículos é o Itaú. A instituição, que chegou a ter uma carteira de R$ 60 bilhões no passado, encerrou junho com montante de R$ 23,8 bilhões, volume 9,7% menor ante março e recuo de 30,2% em um ano.

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No Bradesco, as quedas foram de 3,3% e 8,2%, respectivamente, para R$ 23,2 bilhões. Apesar disso, firmou, em julho último, acordo com a FCA Fiat Chrysler Automóveis Brasil (FCA Brasil) e o banco Fidis para ter exclusividade em financiamentos de marcas da fabricante e espera ter uma carteira de R$ 2 bilhões em dois anos. A instituição vai dar crédito para vendas das marcas Jeep, Chrysler, Dodge e RAM por dez anos.

O Santander acompanha seus pares privados e reduziu sua carteira de crédito a veículos em 4,1% em doze meses, e de 3,2% no segundo trimestre ante o primeiro, para R$ 32,039 bilhões.

Novas linhas de crédito não comprometem ajuste, diz Levy

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta quarta-feira (19) que as novas linhas de crédito oferecidas por Banco do Brasil e Caixa para o setor automotivo não comprometem o ajuste fiscal. “São operações de mercado”, afirmou, em entrevista após palestra de abertura do Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex).

De acordo o ministro, são operações comerciais que levarão em conta a qualidade de crédito dos tomadores do financiamento.

FGTS

Levy afirmou que o Senado terá de “refletir” sobre a proposta de ampliação do rendimento dos recursos do FGTS, aprovada na Câmara dos Deputados na noite de terça (18).

“Tem que ser refletido no Senado se essa é a melhor solução, se ela preservar a capacidade do fundo para financiar as moradias populares. Acho que agora a gente tem um momento de reflexão”, disse.

A proposta aprovada na Câmara prevê o reajuste gradual dos rendimentos do FGTS, até que atinja o mesmo nível da poupança em quatro anos. Hoje, o dinheiro aplicado no fundo rende 3% ao ano mais TR.

“O importante é que não venha a causar qualquer fragilidade no fundo. Obviamente, tem que haver um equilíbrio entre querer pagar mais e a capacidade do fundo de atingir seus objetivos, que é pagar benefícios para os próprios trabalhadores”, disse Levy.

Em discurso na abertura do evento, o ministro da Fazenda voltou a pedir atenção do Congresso a propostas que possam aumentar os gastos públicos, citando diversas vezes a questão da Previdência Social. “Confiança fiscal”, disse ele, é uma das bases para a retomada do crescimento.