Balanço
Sem receber contraproposta, assembleia apenas avalia paralisação
No fim da tarde de ontem, o Sindicato dos Bancários promoveu uma assembleia para avaliar o movimento. Como não houve nenhuma contraproposta por parte dos bancos às reivindicações da categoria, a greve continua por tempo indeterminado. Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais e maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os bancos, por sua vez, ofereceram reajuste de 4,29%, referente a reposição da inflação.
O terceiro dia da greve dos bancários levou ao fechamento de 275 agências em Curitiba e região metropolitana sendo 114 de bancos públicos totalizando cerca de 15 mil bancários parados. No interior do estado, foram fechadas 235 agências e 3.752 trabalhadores permaneceram em greve. Ao todo, no estado são 510 agências paralisadas, com cerca de 18,9 mil bancários de braços cruzados.
De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), 6.215 agências não funcionaram ontem em todo o país, o que representa 31% do total (19,8 mil agências). Apesar de a negociação com os bancos nacionais continuar parada, os cerca de 5 mil funcionários do Banco de Brasília chegaram a um acordo com a instituição e conseguiram 12% de reajuste e 7% de aumento no valor das gratificações. (ACN, com Folhapress)
Prejuízo
Investigação afetou empresário
Acusado pela CPI do Narcotráfico de envolvimento com o tráfico de drogas e inocentado posteriormente , o empresário Hissan Hussein Dehaini, proprietário da empresa de taxi aéreo Icaraí, alega que perdeu o contrato do HSBC por causa das intrigas geradas pela investigação. "Antes da absolvição, muita gente tinha dúvida e alguém ligado ao sindicato [dos bancários] chegou a questionar o HSBC sobre o envolvimento do banco com um traficante. Essas acusações me custaram um contrato milionário", lamenta o empresário, que durante 8 anos fez o fretamento dos voos de funcionários do banco durante a greve dos bancários.
Segundo ele, por dia, sua empresa chegava operar 150 voos para o banco. "Conseguia faturar R$ 90 mil em um dia. Em uma greve de 15 dias, basta fazer a conta para ver o que isso significa", diz. O empresário agora pede na Justiça uma indenização de R$ 5 milhões contra o estado do Paraná pelas acusações. (ACN)
Com as conversas rompidas na mesa de negociações e o futuro da greve ainda indefinido, a disputa entre o Sindicato dos Bancários e as instituições financeiras transformou-se em uma guerra de liminares que, ontem, praticamente inverteu a logística de acesso dos funcionários do HSBC ao Centro Administrativo do Xaxim, em Curitiba. Uma liminar proíbe o banco de usar helicópteros para transportar os trabalhadores; outra impede os grevistas de bloquear o acesso por terra ao prédio.A primeira liminar foi obtida pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, contra o procedimento que o HSBC vinha usando para furar o bloqueio dos grevistas. A decisão da 16.ª Vara da Justiça do Trabalho, expedida na tarde de ontem, considerou os transtornos à população decorrentes do excesso de voos e o risco à segurança dos funcionários do banco em função dos relatos de disparos de fogos de artifício em direção às aeronaves (leia mais nesta página). Logo depois, o HSBC obteve no mesmo tribunal um interdito proibitório, instrumento jurídico que impede a realização dos piquetes na frente das agências da rede. Na prática, com o acesso por terra liberado, o banco deixa de ter a necessidade de contratar os helicópteros.
Suspensão
Ao acolher o pedido do sindicato contra o uso dos helicópteros, o juiz considerou no seu despacho que o transporte aéreo "não é procedimento adotado normalmente" e determinou a suspensão dos voos até que o HSBC comprove o preenchimento de todas as condições legais de segurança, sob pena de aplicação de multa de R$ 50 mil por voo. Como o número de voos vinha se mantendo na média de 50 por dia, o descumprimento da decisão poderia custar até R$ 2,5 milhões por dia ao banco.
Neste ano, a empresa contratada para fazer o transporte dos funcionários do HSBC foi a Helisul Taxi Aéreo, que colocou cinco helicópteros com capacidade entre 5 e 7 passageiros cada, o que demanda cerca de 50 voos diários entre o heliporto do Parque Barigui ponto de concentração dos funcionários e o heliponto do banco no Xaxim. O banco paga à empresa cerca de R$ 4,5 mil por hora de voo, com a média de uso de 10 horas de operação por aeronave, segundo um funcionário da Helisul. Por meio de sua assessoria de imprensa, o HSBC afirma que por uma "questão de contingência", não pode confirmar as informações relativas ao custo das operações e número de funcionários transportados.
Tanto o HSBC quanto o Sindicato dos Bancários alegaram, no fim da tarde de ontem, ainda não terem sido notificados oficialmente sobre as liminares que suspendem o uso de helicópteros e impedem os piquetes. O banco afirmou ainda que irá comprovar que cumpriu todas as exigências impostas pelas autoridades responsáveis pela aviação civil do país.
Bradesco
Ainda ontem, o sindicato conseguiu uma liminar em mandado de segurança derrubando o interdito proibitório para as agências do Bradesco de Curitiba e região. No seu despacho, o desembargador do trabalho Dirceu Pinto Junior considerou que a concessão do interdito ao Bradesco "implica evidente restrição ao direito de greve".
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