Queda do preço do petróleo pode ajudar país a melhorar a conta corrente, diz relatório

No mesmo relatório, o Banco Mundial avalia que a queda do preço do petróleo, que já supera os 50% desde junho, deve ajudar a reduzir a pressão inflacionária no Brasil e a melhorar a conta corrente, na medida em que o país importa combustível e terá, assim, gasto menor com as compras do produto.

O déficit da conta corrente pode cair de 3,8% do PIB em 2014 para 3,6% este ano e 3 4% em 2016. Pelo lado negativo, a queda pode prejudicar os novos investimentos na extração do produto em águas marítimas profundas.

Se houver menos pressão inflacionária e as expectativas de alta de preços diminuírem, o BC tem espaço para acomodação da política monetária, destaca o relatório.

Os riscos para a economia brasileira são de um nível de crescimento ainda pior, destaca o Banco Mundial. Uma das possibilidades discutidas no estudo é que, dada a forte interligação do Brasil com outras economias da América do Sul, há a preocupação de que uma piora acentuada da situação na Venezuela, por causa da queda do preço do petróleo, acabe respingando nos vizinhos.

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O Banco Mundial rebaixou a previsão de crescimento para o Brasil e a expectativa é de que o país deve crescer apenas 1% em 2015, uma das menores taxas de expansão entre as principais economias globais, de acordo com o relatório "Perspectiva Econômica Global", divulgado nesta terça-feira (13).

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Uma recuperação maior da economia brasileira é esperada para 2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar 2,5%, subindo para 2,7% em 2017. A expectativa da instituição é de que a nova equipe econômica de Dilma Rousseff adote um conjunto de políticas que apoiem o crescimento.

Em junho de 2014, quando divulgou o relatório anterior de previsões para a economia mundial, o Banco Mundial estava mais animado com o Brasil. Na época, projetava expansão de 2,7% em 2015 e 3,1% para o ano que vem.

Mesmo com a redução, os economistas da instituição ainda estão bem mais otimistas que os brasileiros, que preveem crescimento de apenas 0,40% este ano, de acordo com o boletim Focus divulgado nesta segunda pelo Banco Central.

Em baixa

Pelo relatório divulgado nesta terça-feira, a expansão do PIB do Brasil este ano só vai ser melhor que a de dois países, Argentina e Rússia. O primeiro deve encolher 0,3% e a economia russa deve entrar em recessão e ter retração de 2,9%, reflexo direto da queda do preço do petróleo, que já acumula redução de mais de 50%.

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Pelas projeções do Banco Mundial, até a zona do euro, região que ainda sente os efeitos da crise de 2008, deve crescer um pouco mais que o Brasil, com expansão prevista de 1 1% este ano.

O Brasil deve fechar 2014 com expansão de apenas 0,1%, nível decepcionante, assim como de outros países emergentes, que no geral tiveram constantes revisões para baixo em suas projeções de crescimento, de acordo com o documento do Banco Mundial.

No relatório de junho, a instituição apostava em crescimento de 1,5% para a economia brasileira este ano.

Pessimismo

Um dos fatores que explicam a fraca atividade econômica brasileira, na avaliação dos economistas do Banco Mundial, é a queda de confiança dos empresários por conta do ambiente de maior incerteza política, em meio às eleições e à lentidão da agenda de reformas.

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Além disso, o próprio aumento dos juros pelo Banco Central para conter a inflação teve reflexos na atividade. O país teve ainda que enfrentar um cenário externo mais desafiador, com a economia chinesa desacelerando e o preço de commodities, como o minério de ferro, caindo no mercado internacional.

O ambiente de menor incerteza política, na medida em que o segundo mandato de Dilma ganha corpo, pode ajudar a melhorar os níveis de confiança dos brasileiros e encorajar um aumento do consumo e do investimento, destaca o Banco Mundial, embora o estudo ressalte que dúvidas permanecem sobre os rumos das políticas fiscal e monetária.

"A perspectiva de uma rápida recuperação no Brasil, contudo, ainda é limitada pela agenda inacabada de reformas e o fraco nível de confiança,", destaca o documento. "Pelo menos no curto prazo, a expectativa é de que o crescimento continue fraco."