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Bancos brigam por pequenas empresas

O HSBC quer dobrar carteira de empréstimos para pequenas e médias empresas até 2012 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
O HSBC quer dobrar carteira de empréstimos para pequenas e médias empresas até 2012 (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

São Paulo - Após as mudanças anunciadas pelo Banco Central para frear a expansão do crédito para pessoa física, a competição entre os bancos grandes e médios nos empréstimos para pequenas e médias empresas deve se acirrar ainda mais em 2011. Os grandes bancos reforçaram o segmento neste ano, contratando centenas de gerentes e lançando novos produtos; os médios, que dominavam esse mercado praticamente sozinhos, não se intimidaram com a maior competição e esperam, para o ano que vem, taxas de crescimento superiores às de 2010.

O JP Morgan prevê expansão anual de 30% para esse tipo de empréstimo até 2012, ante expansão de 18% a 20% para o crédito total. O analista do JP Frederic de Mariz destaca que, para as pequenas empresas, os bancos médios têm vantagens competitivas quando comparados aos grandes. A razão é que bancos como ABC, BicBanco e Daycoval só fazem esse tipo de operação e são muito mais ágeis na liberação dos recursos. Já nas grandes instituições, que possuem estrutura maior, a liberação pode ser mais demorada.

Neste ano, os grandes bancos resolveram reforçar a área de pequenas e médias empresas. Além das perspectivas de crescimento, o crédito para grandes corporações anda com taxas modestas de expansão, pois elas preferem tomar dinheiro em operações no mercado de capitais no Brasil ou no exterior, com emissão de dívida ou lançamento de ações. Com o pacote de estímulos para o crédito de longo prazo, anunciado pelo governo neste mês, a expectativa é que esse movimento se acelere ainda mais, pois a emissão de debêntures para financiar investimentos vai ter incentivos fiscais, como a isenção do Imposto de Renda para investidores pessoas físicas.

Concentração

Apesar do aumento da concorrência com os grandes, os bancos médios destacam que há espaço para todos nesse mercado. A razão é a concentração bancária no país. Somente nos últimos dois anos, o Santander absorveu o Real; o Itaú, o Unibanco; e o Banco do Brasil comprou a Nossa Caixa e o Votorantim. Empresas que trabalhavam com bancos que se fundiram não ficaram com o limite de crédito dobrado no banco resultante da associação, avalia o vice-presidente Comercial de Empresas do Banco Pine, Clive Botelho. Por isso, ele vê potencial para expansão dos médios no segmento.

"A competição com os grandes bancos se intensificou, mas temos vários clientes que também são clientes das grandes instituições financeiras que buscam diversificar os riscos e as linhas de crédito. Nosso cliente trabalha em média com sete, oito bancos", diz o diretor executivo e de Relações com Investidores do Daycoval, Morris Dayan. A carteira de médias empresas do banco cresceu 73% nos 12 meses encerrados em setembro.

Pessoa física

Nas linhas de pessoa física, alguns bancos médios ensaiam entrada no segmento de varejo, como o BicBanco. O vice-presidente do banco, Milto Bardini, destaca que a operação será complementar à atuação do Bic no segmento de médias empresas. "Nosso foco continua sendo no segmento de middle (companhias médias)", afirma. Para entrar no varejo, o banco comprou uma financeira e contratou 150 funcionários. O executivo reconhece o aumento da competição com os grandes no crédito para empresas, que tem pressionado as taxas de juros para baixo. "Tem muita gente querendo jogar no mesmo campo de futebol", compara.

Apesar da ofensiva do Bic no varejo, os grandes bancos devem continuar reinando sozinhos no crédito ao consumo, pois, por terem acesso a funding mais barato, conseguem emprestar com taxas de juros mais favoráveis. Alguns bancos médios, como o Sofisa, desistiram de operar no varejo e se focaram em empresas de menor porte. Os médios que operam com crédito a pessoa física, como o Paraná Banco, focaram no consignado – linha que deve desacelerar o crescimento nos próximos meses por conta das medidas do BC. Por esse motivo, devem ser os que mais sentirão os efeitos das novas regras, segundo a agência de classificação de rating Moody’s.

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