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Parceria entre as duas empresas começou em 2009

A Petrópolis e a Imcopa se aproximaram em 2009. Em meio a uma crise de liquidez no setor de commodities, a empresa de soja renegociou as condições de pagamento de sua dívida, enquanto procurava um parceiro disposto a colocar dinheiro lá dentro. Apareceu, então, a Petrópolis, interessada em aproveitar a farta quantidade de créditos fiscais gerados pelas operações da Imcopa. Em troca desses créditos, usados para abater a alta carga de impostos que incide sobre a produção de cerveja, a Petrópolis colocaria capital de giro na processadora de soja. Os bancos dizem que, ao longo dos últimos anos, a tal parceria virou uma aquisição disfarçada da Imcopa pela Petrópolis. Afirmam que a cervejaria passou a operar a empresa de soja, da compra de matéria-prima à venda do produto final, e ficava com toda receita. As duas plantas industriais da Imcopa, em Cambé e Araucária (PR), viraram filiais da Petrópolis, que também emite as notas fiscais na venda da produção.

Executivos dos bancos dizem que, antes de partir para os tribunais, tentaram acertar parte das dívidas com Walter Faria, dono da Petrópolis, e Frederico Busato Júnior, da Imcopa. Chegaram a propor que a cervejaria comprasse formalmente a Imcopa. Mas, na frente do pessoal dos bancos, os empresários só falam mal um do outro.

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Os bancos HSBC, Credit Suisse e ING foram à Justiça para cobrar R$ 530 milhões da Cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava, Crystal e Petra. Os processos, no entanto, não têm nada a ver com cerveja. Os bancos acusam a empresa de ser dona oculta da paranaense Imcopa, maior processadora de soja não transgênica do país, que entrou em janeiro com pedido de recuperação judicial.

De acordo com os credores, a Imcopa renegociou as dívidas com eles em 2009, mas não cumpriu os acordos que fez. Em janeiro, pediu recuperação judicial. Os bancos alegam nas ações que foram enganados todo esse tempo. Afirmam que nos últimos quatro anos a Petrópolis se apropriou da Imcopa por baixo do pano – tudo tramado para ficar com as receitas bilionárias do negócio, sem ter de responder pelas dívidas. Na Justiça, pedem o reconhecimento dessa situação, para assim cobrar a cervejaria. O HSBC cobra R$ 380 milhões; o Credit Suisse, R$ 90 milhões; e o ING, R$ 50 milhões.

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Segunda maior cervejaria do país, com faturamento de R$ 5 bilhões por ano, a Petrópolis afirmou por meio de nota que as ações dos bancos são indevidas e que não tem "qualquer participação na Imcopa". As duas teriam apenas um acordo comercial, pelo qual a Imcopa produz derivados de soja "mediante encomenda para o Grupo Petrópolis, que comercializa os produtos finais". A Imcopa respondeu a mesma coisa, por e-mail. Sobre a acusação de que teria enganado os bancos, afirmou que "jamais faltou com seus compromissos", embora as instituições lhe tenham imposto um "fluxo de pagamento inaceitável".

Fraude

A versão dos bancos é bem diferente. "A Petrópolis esvaziou a Imcopa e deixou a dívida. Há um conluio entre as duas, com desvio de recursos e fraude aos credores", diz o advogado André Chateaubriand Martins, do escritório Sérgio Bermudes, que representa o Credit Suisse e o ING. "Essas empresas criaram uma confusão patrimonial para enganar os credores, mas na prática são uma coisa só", afirma o advogado Leonardo Morato, do escritório Veirano, que representa o HSBC. "A Petrópolis não pode ficar só com os benefícios da operação, precisa responder pelas dívidas também".

Os bancos afirmam ter tido acesso às demonstrações financeiras da Petrópolis em 2011. Nesse ano, diz o HSBC, mais de R$ 1,8 bilhão da receita da Petrópolis foi "derivada do negócio de soja".