Desesperados para tirar da recessão a economia de seus países, os responsáveis pelas políticas financeiras do Grupo dos Sete, reunidos em Roma neste fim de semana, trocaram informações sobre o que poderão fazer depois que não puderem baixar mais as taxas de juros.
Num momento em que as taxas de juros do Japão e dos Estados Unidos já são praticamente zero, e a Europa e o Banco da Inglaterra estão seguindo pelo mesmo caminho, avalia-se que imprimir dinheiro pode ser o próximo passo. Os bancos comprariam ativos para aumentar a oferta de moeda e, desse modo, estimular a demanda na economia.
Essa maneira de injetar dinheiro na economia, chamada "quantitative easing" em inglês, já foi adotada no Japão, obtendo resultados mistos no início desta década, como parte da longa batalha do país contra a deflação -- uma espiral nociva de preços em queda que leva os consumidores a adiarem os gastos.
A medida está sendo considerada atualmente pela maioria dos grandes bancos centrais à medida que o mundo enfrenta sua mais significativa e sincronizada desaceleração em décadas.
O Fed, que cortou os juros para taxas entre zero e 0,25 por cento, já começou a pôr em prática essa estratégia, que prefere denominar de "credit easing". O Banco da Inglaterra pode segui-lo já no mês que vem. As autoridades da zona do euro estão acompanhando.
"Vimos nos Estados Unidos que esse modo de injetar dinheiro na economia funciona de fato e, quando digo 'quantitative easing', quero dizer intervenção direta em segmentos específicos da indústria de serviços financeiros", disse Mario Draghi, presidente do Banco da Itália.
O Banco Central Europeu manteve as taxas de juros em 2 por cento este mês, mas há forte expectativa de que vá cortá-las para um nível de baixa recorde no mês que vem, especialmente depois que indicadores divulgados na sexta-feira mostraram que a economia nos países do euro encolheu 1,5 por cento no quarto trimestre de 2008.
"Olhando a evolução do primeiro trimestre, vemos que também está negativo", disse neste sábado aos jornalistas o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet.
O presidente do Bundesbank, Axel Weber, afirmou que embora a política monetária já esteja numa fase de acomodação, pode haver espaço para mais redução.
"Não descarto a possibilidade de que tentemos assumir um papel ativo, com cortes de taxas pro-ativos para estabilizar a economia."