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Bancos de investimento mostram ânimo com fusões e aquisições

A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) demonstrou nesta quarta-feira otimismo com o gradativo aquecimento de fusões e aquisições, depois de um primeiro semestre não tão ruim como se temia no auge da turbulência financeira.

"As empresas estão querendo vir a mercado", disse a responsável pela Subcomissão de Fusões e Aquisições da Anbid e diretora do Deutsche Bank no Brasil, Carolina Lacerda, em entrevista coletiva.

As razões para a aposta são variadas, incluindo a normalização do crédito, a perspectiva de crescimento econômico e até a recente alta do mercado acionário --que pode fulminar oportunidades baratas de aquisições.

"Muitos clientes estão preocupados com a valorização rápida dos ativos", comentou Carolina.

No ano, a Bolsa de Valores de São Paulo acumula alta de 48,5 por cento até 11 de agosto.

"O mercado está mais seletivo", explicou, acrescentando que qualquer surpresa no mercado internacional pode frustrar a retomada das fusões. "Se as coisas continuarem como estão, 2010 será um ano bom. Depende do cenário externo."

Para o segundo semestre, ela destacou o setor de varejo, favorecido pela consolidação do mercado consumidor nos últimos anos, e observou que a manutenção do dólar nos patamares atuais cria oportunidades para aquisições de empresas brasileiras no exterior.

A moeda norte-americana já caiu 21 por cento em 2009 até terça-feira, e se aproxima do patamar de 1,80 real.

Na semana passada, porém, a Fundação Dom Cabral, em parceria com a KPMG, divulgou estudo apontando que as empresas brasileiras estão mais cautelosas quanto à internacionalização.

A Dom Cabral acredita que as companhias estão mais preocupadas, no momento, em consolidar os ativos que têm no exterior, podendo voltar às compras de maneira gradual em 2010 e 2011.

Queda "suave"

O total de fusões, aquisições, ofertas públicas de aquisição de ações (OPAs) e reestruturações societárias anunciadas de janeiro a junho alcançou 71 bilhões de dólares na primeira metade do ano, com queda de apenas 1,5 por cento em relação ao mesmo período de 2008, segundo a Anbid. Um recuo "suave", nas palavras de Carolina.

Em número de operações, a redução foi de 10,2 por cento, para 44 transações --37 fusões e aquisições e 7 reestruturações societárias e OPAs.

O Morgan Stanley foi o líder entre os consultores de fusões no primeiro semestre, com 26,6 bilhões de reais das transações anunciadas. O banco de investimentos norte-americano foi seguido por Bradesco BBI, com 24,5 bilhões, e Estáter, com 10,3 bilhões de reais.

Os destaques do primeiro semestre foram a criação da Brasil Foods --resultante da união de Sadia e Perdigão, no valor de 21 bilhões de reais-- e a reestruturação societária entre VCP e Aracruz, com valor de 6,8 bilhões de reais.

As aquisições realizadas por empresas brasileiras representaram, em termos monetários, 50,3 por cento das operações anunciadas. As aquisições realizadas por empresas estrangeiras somaram 7,7 por cento, e as fusões entre empresas alcançaram 42 por cento do valor das transações.

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