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Setor financeiro

Bancos disputam folha de pagamento de empresas para ganhar mercado

São Paulo – A exemplo de estados e municípios, empresas de diversos setores estão "vendendo" a instituições financeiras o direito de explorar a folha de pagamento dos empregados. Realiza-se uma concorrência com a participação de vários bancos, vencendo o que oferecer o maior pacote de vantagens, que inclui geralmente um pagamento em dinheiro à corporação.

A Arcelor Brasil é uma das empresas que realizaram recentemente um processo desse tipo. Em julho, oito bancos participaram de uma concorrência na companhia com o objetivo de ganhar o direito de fazer o crédito de salário de 14,5 mil empregados do grupo. O vencedor foi o Santander Banespa, que assumirá a função em outubro.

O diretor de Relações com Investidores do Itaú, Alfredo Setubal, disse que a disputa desse nicho de mercado se acirrou, o que estimula os processos de concorrência. Sempre houve negociação entre empresas e bancos para a gestão da folha, mas envolvia geralmente apenas redução de tarifas. "Hoje, a negociação é mais ampla, inclusive com pagamento em dinheiro pela instituição financeira."

O que levou os bancos a despertarem, de repente, para esse importante filão foi a necessidade de ampliar os negócios, especialmente o crédito, devido ao cenário de queda das taxas de juros, que reduz os ganhos com títulos públicos. Os funcionários públicos, que têm estabilidade e salários mais robustos, foram os primeiros a atrair os bancos. Agora é a vez dos empregados de empresas privadas.

Outra empresa a realizar ampla concorrência foi a Votorantim Industrial, que reúne todas as empresas que compõem o braço produtivo do Grupo Votorantim. O diretor financeiro do grupo, Luiz Felipe Schiriak, disse que os funcionários eram pagos por meio de oito bancos. Em janeiro, a Votorantim convidou as instituições que já prestavam os serviços para uma concorrência.

Segundo fontes, os bancos mais agressivos nessas concorrências têm sido os estrangeiros ABN Amro Real, Santander Banespa e HSBC. Uma das explicações é o apetite geralmente mais limitado das instituições estrangeiras para novos investimentos no país. Após grandes aquisições que os posicionaram no mercado nacional, esses bancos preferem fazer investimentos menores e crescer de forma orgânica.

Apesar da maior disputa dos bancos pelo nicho empresarial, há um projeto no governo para tornar livre aos empregados a escolha da instituição que creditará mensalmente o seu salário. Se aprovada essa medida, os funcionários de empresas privadas não serão obrigados a manter a conta-salário no banco escolhido pela companhia, o que poderia prejudicar futuros acordos. Para executivos, porém, isso não preocupa. Alfredo Setubal, do Itaú, disse que, aprovada tal flexibilidade, as instituições colocarão no preço das concorrências a perda com os empregados que poderão mudar de banco.

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