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Bancos e exportadoras são apostas de analistas para 2015

O primeiro semestre de 2015 tende a ser uma repetição de 2014 no que se refere à Bolsa de Valores. Haverá volatilidade, especulação em torno de medidas de ajuste da economia, dificuldade de enxergar o cenário em um prazo maior e continuidade da pressão sobre as commodities. A recomendação de analistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, é investir em empresas que vêm apresentando bons resultados nos últimos anos e setores que devem sofrer menos com a desaceleração da economia.

"A sensação é de que 2015 será uma extensão de 2014. Os investimentos que visam ao curto prazo devem prevalecer, pois vários aspectos que ditaram os negócios na bolsa neste ano devem persistir ao longo do próximo, como as incertezas sobre o comportamento das commodities, os níveis dos reservatórios e a política econômica", explica Karina Freitas, analista da Concórdia.

Para 2015, a aposta da Aline Sun, analista da Guide Investimentos, são companhias exportadoras, que se beneficiam do avanço do dólar ante o real. "Com a possibilidade de aumento das taxas de juros nos Estados Unidos no terceiro trimestre do ano que vem, pode ocorrer saída de capital do Brasil."

O JPMorgan, em relatório sobre a estratégia para 2015, também vê com otimismo as exportadoras. "O grupo inclui empresas do setor de papel e celulose (Suzano é a top pick), bem como aquelas expostas a negócios fora do Brasil, como Weg e Tupy."

Aline, da Guide, menciona ainda ações de bancos. "Gostamos de Itaú Unibanco, que possui o maior ROE (retorno sobre patrimônio) e melhorou significativamente a qualidade da carteira de crédito com manutenção do spread líquido bancário", afirma. No entanto, por uma questão de diferencial de preço, a analista prefere o investimento na controladora Itaúsa. "Itaúsa tem um desconto em relação ao Itaú de aproximadamente 20% e acreditamos que esse spread vai diminuir ao longo do ano que vem", disse Aline.

A analista da Guide também vê com bons olhos a exposição a ações relacionadas aos setores de seguros e de saúde. A Qualicorp é uma das apostas. "A companhia apresentou melhora na perda com créditos incobráveis, bem como na margem operacional", diz.

Por outro lado, Aline vê com pessimismo o setor de consumo. "Além de esperar uma queda do consumo no Brasil, é possível que algumas companhias, como a Natura, sofram devido a mudanças na tributação", diz. A Renner é outro papel que pode ter um ano difícil, em sua visão. "Renner tem menos liquidez e em mercados voláteis ações com menor liquidez sofrem mais", afirma. A exceção em consumo, conforme sua avaliação, é Ambev. "Apesar da possibilidade de mudança sobre a tributação de bebidas frias, trata-se de uma companhia interessante, com poder de repasse aos preços. Consideramos o papel como defensivo."

Para Karina, da Concórdia, há ainda outras ações ligadas a consumo que podem ser boas apostas. Uma delas é Pão de Açúcar, que conta com um negócio resiliente. A outra é Lojas Americanas. "O varejo eletrônico de baixo tíquete deve encontrar demanda em 2015", afirma. Ela também acredita que a Odontoprev tenha bom desempenho em 2015. "É uma empresa menor, mas com eficiência operacional boa." Entre as incorporadoras, a analista aposta na MRV, que deve ser beneficiada pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Karina também vê upside em Gerdau, porque espera uma melhora da economia americana. "Além disso, é um ativo bastante descontado."

Aline espera uma fuga de recursos de investidores estrangeiros da Bovespa em 2015, o que deve pesar sobre a Petrobras. "O upside dos papéis da estatal ainda depende do investidor de fora. A questão é que no exterior os problemas de governança corporativa enfrentados pela estatal têm sido muito divulgados. Isso sem falar dos problemas intrínsecos para a empresa, como o preço do petróleo em queda", afirma.

Karina lembra que os patamares atuais dos preços da commodity reduzem a taxa de retorno dos projetos da petrolífera. Os supostos desvios constituem outro aspecto preocupante, em sua avaliação. "Ainda não sabemos o tamanho dos ajustes nos balanços", afirma. "Recomendo cautela com as ações."

O JPMorgan aponta a ação "menos preferida" do time de análise para 2015: Oi. "A companhia conta com alta alavancagem, queima de caixa persistente e tendências operacionais fracas", diz o relatório, que cita ainda a vulnerabilidade a um aumento da TJLP devido à exposição ao juro do BNDES.

Mudança de rota

O diretor de investimentos da Fundação Cesp (Funcesp), Jorge Simino, também espera um ano de muitas incertezas para as ações da Bolsa de Valores. "Será um ano de ajustes, que exigirão um esforço muito grande, particularmente no que se refere à política fiscal", afirma. "Isso pode ter consequências sobre o nível de emprego. Os setores de construção e varejo tendem a sofrer relativamente mais que os outros", acrescenta.

Por conta disso, Simino também espera volatilidade, especialmente nos primeiros quatro, cinco meses do ano. No entanto, se os ajustes começarem a surtir efeito, os papéis da Bovespa podem se recuperar no segundo semestre. "O mercado pode começar a antecipar um 2016 melhor."

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