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| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo

Num momento em que o número de inadimplentes no Brasil supera a marca de 59 milhões de pessoas, os bancos endureceram a renegociação das dívidas e reduziram o crédito para a modalidade. Dados do Banco Central apontam que o volume disponível para a finalidade teve uma queda de 25,2% em 2016, indo de R$ 3,053 bilhões em janeiro para R$ 2,174 bilhões em dezembro. Já o número de negativados subiu de 17,5% para 18,3%.

Se por um lado o governo anunciou medidas recentes para limpar o nome e ampliar o crédito para a população, como o saque das contas inativas do FGTS e o limite de 30 dias para o rotativo do cartão, por outro as instituições financeiras contribuíram para jogar os devedores na inadimplência. Segundo um estudo feito pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), feito com 1.815 usuários da internet entre julho e setembro do ano passado, dos 53,6% que tentaram renegociar as dívidas, 60,8% não obtiveram sucesso.

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As razões para isso foram o fato de a cobrança ter sido encaminhada para outra empresa, o que inviabilizou a redução das taxas com as instituições; a falta de acordo em relação ao prazo para o pagamento; e a não negociação de dívidas que não estão em atraso. “Há um endurecimento no relacionamento dos dois lados. Enquanto o banco quer manter os contratos, o consumidor não consegue propor uma alternativa, o que cria um impasse nesse processo”, avalia a economista do Idec, Ione Amorim. Com isso, os consumidores se veem pressionados a fechar acordos muitas vezes desvantajosos para eles.

Rotativo

O pagamento da fatura mínima do cartão, que a partir de abril será convertida de forma automática em crédito parcelado após o vencimento da conta, costuma ser a dívida que mais aperta os brasileiros. Conforme o BC, o rotativo fechou o ano passado em 484,6% ao ano (15,8% ao mês). Por outro lado, os juros do renegociado atingiram uma média de 54,2% ao ano (3,7% ao mês). De acordo com Ione, porém, no caminho entre a negativação e o contrato entre as partes o saldo devedor se amplia e prejudica o comprador. “Muitas vezes, por desespero, as pessoas acabam aceitando a proposta, mesmo sem ter condições de pagá-la”, conta.

Apesar da existência dos serviços de proteção de crédito e dos escritórios de cobranças, a sondagem do instituto mostra que a maioria dos acordos ocorre diretamente entre os correntistas e os bancos. Das cinco instituições consultadas, o Itaú disse que 99% dos casos são fechados em canais próprios, enquanto o Banco do Brasil informou que o número corresponde a 80%. Bradesco, Caixa e Santander não deram detalhes das operações.

Rotativo do cartão e a ausência de pagamentos

Embora a inadimplência do crédito rotativo apresentou queda de 3,2% no ano passado, alcançando 37,2% em dezembro, a ausência de pagamentos do renegociado cresceu 0,8% no período, segundo o Banco Central. No fim de 2016, o índice foi de 18,3%.

Diagnóstico e capacidade de pagamento são fundamentais

A realização dos acordos para a renegociação das dívidas depende do diagnóstico das finanças domésticas e de uma avaliação da capacidade de pagamento. A economista do Idec Ione Amorim recomenda que após dar esses passos, os consumidores devem conversar com as famílias ou advogados e entidades de defesa do consumidor para encontrar um cálculo dos juros e parcelas que melhor se encaixem no orçamento.

Outro caminho sugeridos pela economista é que os clientes ponderem a venda de algum bem para quitar o saldo ou que substituam o empréstimo atual por outro mais barato. Em 2016, o crédito pessoal fechou em 139,4% ao ano, enquanto o consignado para trabalhadores do setor privado ficou em 43,2% e para servidores públicos em 27,4%.

Já para as pessoas que estão negativadas e não conseguem contratar novos empréstimos, Ione sugere a fuga do crédito para negativados -- que possui taxas de juros de até 1.000% ao ano - e a busca por fontes de renda extra. “Não existe milagre. A dívida não irá desaparecer se não houver uma negociação com o credor”, complementa ela.

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