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MERCADO

Bancos estão de olho em clientes do BTG

Os principais bancos de investimentos instalados no país já deram início a conversas com empresas que contrataram o BTG Pactual ao longo dos últimos meses para tentar convencê-las a transferir seus mandatos para a concorrência. Esses bancos fizeram, na semana passada, mapeamento das operações de fusões e aquisições que estão hoje nas mãos do banco de André Esteves.

Já foram identificadas pelo menos 35 operações de venda de ativos que foram passadas para o BTG nos últimos meses por empresas que viraram “alvo” desses bancos. Entre os ativos sob coordenação do BTG estão a empresa de serviços financeiros Goodcard, controlada pela Embratec, que pertence ao empresário gaúcho Ernesto Corrêa da Silva Filho, e parte dos ativos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch. Transações nas quais o BTG está como co-adviser (co-assessoria financeira) também estão na mira dos bancos.

“Os bancos concorrentes não estão interessados apenas nos investidores que fazem investimentos no BTG, mas em seus clientes, de olho no potencial de negócios que poderão ser feitos nos próximos meses, com o Brasil mais barato”, disse uma fonte de mercado.

No sábado (28), o jornal O Estado de S. Paulo publicou que os bancos Itaú BBA, Credit Suisse, BR Partners e JP Morgan estariam analisando quais potenciais clientes poderiam transferir o mandato de venda de seus negócios para outras instituições, uma vez que o BTG Pactual enfrenta desde quarta-feira, após a prisão do seu presidente André Esteves, forte fuga de capital, por conta das incertezas sobre o futuro do banco.

Procurados, Itaú, Credit Suisse e BR Partners não comentaram o assunto. Uma fonte próxima ao JP disse “que respeita seu competidor”, mas nenhum porta-voz do banco respondeu o pedido de entrevista.

Com perfil agressivo de fazer negócios, o BTG liderou as operações de fusões e aquisições no primeiro semestre, considerando o ranking por valor de transações, com US$ 7,5 bilhões, de um total de US$ 14,47 bilhões, segundo estudo da Thomson Reuters.

Em segundo lugar ficou o banco Rotchschild, seguido pelo Santander e Itaú BBA. Em número de operações, o BTG ficou em segundo lugar, com 15 transações, atrás do Itaú BBA, com 17. O banco avançou na América Latina e tem o Itaú BBA como seu forte competidor nessa área.

Venda fatiada

Com o clima de incertezas, o mercado financeiro começou a especular que o BTG poderá ser colocado à venda. Na noite de sexta-feira, o BTG soltou aviso ao mercado negando que esteja negociando sua venda para o Bradesco e o UBS, como chegou a circular.

Entre a quarta (25) e a sexta-feira (27), as ações do banco tiveram desvalorização de 26%. Na sexta-feira pela manhã, o presidente interino do BTG, Persio Arida, mandou comunicado aos principais clientes do banco. Na carta, tentou tranquilizar os clientes e o mercado, passando a mensagem de que o BTG colabora com as autoridades brasileiras na condução do inquérito.

“Estamos mantendo contato proativo com os reguladores em todos os países onde estamos presentes. Ainda lançamos um programa de recompra”, disse no documento. O programa de recompra de ações pela tesouraria do banco foi anunciado no dia da prisão de Esteves e tem sido feita em Bolsa.

Segundo uma fonte do mercado financeiro, a venda do BTG ajudaria a estancar a crise pela qual o banco passa. A mesma fonte informou que o Bradesco teria interesse em adquirir a parte de “asset managment” (gestão de recursos de clientes) e o banco Pan (ex-Panamericano), adquirido por Esteves no início de 2011.

“O Bradesco se sente muito à vontade com esses dois ativos porque, além de enormes sinergias, eles são tocados por velhos conhecidos, como James Oliveira, que é filho de João Moisés de Oliveira, veterano da casa (faz parte da holding Bradespar) e o Pan pelo Acar (José Luiz Acar Pedro, presidente do Pan), que já foi BCN e Bradesco”, disse a fonte.

Procurados, o Bradesco afirmou que a informação não procede. O BTG reiterou fato relevante divulgado na sexta-feira de que não está à venda.

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