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O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou nesta quinta (4) que o governo passou uma “mensagem assertiva” ao determinar o cumprimento do arcabouço fiscal com o corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias no ano que vem.
A determinação foi passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) na noite de quarta (3) após uma longa reunião para tratar do ajuste fiscal. O encontro ocorreu após dias de escalada do dólar por desconfiança do mercado financeiro com o cumprimento das metas fiscais para este ano e os próximos.
Sidney afirmou que “o anúncio do governo interrompe os ruídos dos últimos dias passando uma mensagem mais assertiva no sentido do cumprimento do arcabouço fiscal, inclusive com ações concretas de contingenciamento e corte de gastos para atingir as metas”.
“Ou seja, a principal mensagem do anúncio é que o ajuste fiscal não será apenas pelo lado da receita, mas pelo que for necessário com corte de gastos. É importante dar mais esse voto de confiança ao ministro Fernando Haddad, que tem sido bastante vocal e fiador do arcabouço fiscal”, completou o presidente da Febraban à GloboNews.
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Haddad disse a jornalistas no Palácio do Planalto, após a reunião com Lula, que “o presidente determinou: ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão a esse respeito”.
Ao longo de toda a quarta (3), Lula e Haddad deram declarações sobre o compromisso com a responsabilidade fiscal. “A gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso desse governo desde 2003. E a gente manterá ele à risca”, disse Lula durante a primeira parte do lançamento do Plano Safra.
“É um compromisso de vida toda do presidente. Quem vai ensinar isso pro presidente? Está no décimo ano de governo”, completou Haddad pouco depois, em referência aos dois primeiros mandatos do presidente além do atual.
Fernando Haddad também mostrou otimismo com o câmbio do dólar, que chegou a encostar nos R$ 5,70 na terça (2) e que terminou a quarta (4) a R$ 5,56 após as falas a respeito da responsabilidade fiscal. “O câmbio vai acomodar. [Com] tudo que nós estamos fazendo e entregando, e os compromissos do presidente”, completou o ministro.
As falas foram encaradas como uma resposta aos pedidos de ministros e assessores para Lula moderar o discurso contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o mercado financeiro em geral.
Isso porque Lula chegou a disparar contra o mercado de que haveria um “jogo de interesse especulativo contra o real”, que acabou levando à desconfiança de analistas e fez o dólar disparar desde a semana passada.