Os grandes bancos lançaram nesta semana o crediário do cartão, uma nova linha de parcelamento de compras com juros que, segundo eles, tem potencial de reduzir as taxas cobradas dos consumidores. Mas o custo do rotativo do cartão de crédito, a segunda linha mais cara do sistema financeiro, está subindo.
O anúncio oficial do crediário foi feito na quarta-feira (27), e a linha deve estar disponível a todos os consumidores dos grandes bancos (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander) a partir de abril. O Votorantim também terá o produto, segundo a Abecs (associação do setor de cartões).
O crediário do cartão de crédito quer concorrer com o parcelado sem juros, principalmente nos comércios menores, em que os lojistas têm menos capital de giro para vender a prazo. Clientes poderão comprar bens pelo preço à vista e parcelar com o cartão de crédito em até 36 vezes, dependendo a instituição, pagando juros. O lojista recebe o dinheiro total à vista, em até cinco dias.
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Para o consumidor, as taxas devem partir de 0,99% ao mês (caso do Bradesco), percentual inferior às praticadas em créditos com garantia – como consignado e financiamento a veículos.
No Santander, o custo partirá de 1,99%; Itaú e Banco do Brasil não divulgaram qual será o juro cobrado.
O produto foi citado pela Febraban (federação dos bancos) como uma alternativa para reduzir as taxas de juros.
Com mais consumidores pagando pelo crédito oferecido no cartão, seria possível reduzir o subsídio cruzado, quando poucos clientes (os que entram no rotativo) pagam por muitos (aqueles que pagam a fatura em dia, sem juros). Essa era a única das 21 medida propostas pela Febraban que dependia das instituições financeiras para ser implementada.
Para Boanerges Ramos Freire, presidente da Boanerges&Cia, consultoria em varejo financeiro, os juros podem ser relativamente baixos, mas precisarão compensar o risco de calote e remunerar o capital do banco. Portanto, a taxa da linha depende de inadimplência controlada e também da Selic (que é o custo de captação de dinheiro) a 6,50%.
A taxa completou um ano no piso histórico e não há previsão, entre analistas de mercado, de que ela deverá voltar a subir neste ano. “O crescimento do produto vai depender do comportamento do cliente. Se tiver uma inadimplência elevada, cria reprecificação”, afirmou Vinicius Favarão, presidente do Bradesco Cartões.
Mesmo a inadimplência controlada pode não ser suficiente para manter o juro baixo na linha.
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A inadimplência no rotativo do cartão de crédito caiu entre janeiro e fevereiro, de 35,7% para 33,6%, mas as taxas da linha subiram.
Quem entrou no rotativo em fevereiro pagou, em média, 11,6% pela dívida, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta. Em janeiro, era de 11,3%. Em fevereiro de 2018, o juro era de 10,9%, e a inadimplência, 33,2%.
Ainda considerado elevado, o juro do rotativo mudou de patamar desde abril de 2017, quando entrou em vigor a regra do Banco Central que impede que consumidores se financiem nesta linha por mais de um mês. Antes, a taxa média mensal rondava os 16%.
Agora, se o cliente não consegue pagar o saldo do rotativo após um mês, é migrado para um parcelamento.
O resultado foi o aumento da inadimplência nesse tipo de crédito, como mostram os dados do Banco Central. Há um ano, os calotes eram de 2%; em fevereiro, subiram para 3,2%.
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