O ano de 2014 foi um divisor de águas para a Bovespa, que viu o enfraquecimento das gigantes Petrobras e Vale, o fortalecimento dos bancos e a consolidação da Ambev como empresa mais valiosa do Brasil. A queda no preço internacional das commodities contribuiu para que a Petrobras perdesse 40,6% em valor de mercado nos últimos 12 meses, totalizando R$ 127,5 bilhões no fechamento de terça-feira (30), enquanto a Vale recuou 39,6%, para R$ 107,6 bilhões, de acordo com dados da Economatica.
Com isso, ambas não aparecem mais entre as três maiores companhias do país, sendo ultrapassadas por Itaú Unibanco e Bradesco. Já a Ambev perdeu 5,3%, mas ainda assim fechou o ano com valor de mercado de R$ 256,7 bilhões, mantendo-se na liderança e valendo mais de duas Petrobras.
O cenário negativo para os preços internacionais das commodities foi destaque em 2014. A economia chinesa, grande consumidora de insumos básicos, seguiu em compasso de desaquecimento e reduziu sua demanda por itens importados, como o minério de ferro, que atingiu seu menor preço em mais de cinco anos.
Outra commodity cujo preço despencou foi o petróleo, afetado pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não reduzir a produção, a despeito do excesso de oferta no mercado. Ontem, na Nymex, o contrato de petróleo para fevereiro chegou a US$ 53,61 por barril, a menor cotação desde maio de 2009.
O preço das commodities em baixa fez com que a aversão ao risco tomasse conta dos mercados no Brasil, provocando a fuga dos investidores das ações da Vale e da Petrobras. No caso da petrolífera, o movimento acabou agravado pelos escândalos de corrupção envolvendo a estatal.
O preço dos insumos básicos chamou a atenção de profissionais do mercado financeiro. Em novembro, a carta mensal do gestor Luís Stuhlberger, do Credit Suisse Hedging Griffo, indicava que a queda dos preços das commodities deveria afetar o crescimento econômico do país no próximo ano. "Certamente, 2015 não será um ano bom. Com tantos ajustes a fazer... - desemprego em elevação, alta de juros, aumento significativo da carga tributária e alguma moderação de gastos, sem contar com os riscos de falta de energia elétrica e água e de queda nos preços de commodities (que foram tão benéficas nos "anos dourados")", afirma o relatório.
A aversão de investidores ao risco no mercado financeiro foi acentuada pelo clima de incerteza no país, que teve um ano marcado por baixo crescimento da economia e volatilidade. Como resultado, houve maior procura por companhias consideradas resilientes. Isso fez o valor de mercado do Itaú Unibanco crescer 21,6% nos últimos 12 meses e atingir R$ 183,1 bilhões, enquanto o Bradesco avançou 13,6% e somou R$ 145,5 bilhões.
As ações dos bancos também foram beneficiadas, ao longo de 2014, pela elevação da Selic, pela alteração na metodologia do Índice Bovespa, que propiciou um aumento do peso das instituições financeiras, e pelos balanços com boas rentabilidades (ROE).
Outro papel que costuma ser procurado em períodos de aversão ao risco é o da Ambev. Em relatório, a Guide Investimentos explica que a fabricante de bebidas tem uma sólida geração de caixa mesmo em períodos desafiadores.
Com a valorização do dólar ante o real, os investidores se voltaram para as empresas exportadoras. O valor de mercado da Embraer subiu 30,1%, da Fibria, 17,6%, e o da JBS, 28,9%.
Já a principal ganhadora da Bolsa de Valores em 2014, entre as empresas listadas no Ibovespa, foi a Kroton, de Educação. A companhia teve um ganho de 138,3% em valor de mercado e terminou o ano avaliada em R$ 25,1 bilhões, mais do que empresas como Embraer e Usiminas.
Perdedores - As siderúrgicas e as empresas do setor de construção tiveram destaque negativo no ano e apareceram entre as maiores perdedoras. No caso da CSN, o valor de mercado encolheu 63,3%. A Gerdau amargou retração de 47,5%. A Rossi Residencial perdeu 66,8% do valor de mercado em 2014, seguida por uma queda de 52,5% da PDG Realty.
No setor de energia, empresas como Cesp e Copel se valorizaram, mas a maioria das elétricas perdeu valor em 2014. No setor da construção, todas as companhias que compõem o Índice Bovespa encolheram.
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