Paris – Dois universos completamente díspares conviveram, durante quatro dias, num mesmo local: a sedutora Paris, cenário da edição 2006 do Broadband World Forum Europe (BWF), congresso internacional de banda larga. De um lado, operadoras e fabricantes de equipamentos e infra-estrutura em telecomunicações discutiam os rumos da indústria e apresentavam tecnologias como WiMax e IPTV para a Europa e também para o resto do mundo. Do outro lado, uma pesquisa inédita apontou a conjectura atual do acesso que países emergentes têm à mais básica das necessidades do ciberespaço: conexão. E a situação, infelizmente, ainda não é das melhores.

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O estudo "Broadband for All" ("Banda larga para Todos"), encomendado pela Alcatel à empresa internacional de pesquisa LH2, foi realizado em sete países (Brasil, Rússia, Egito, Quênia, Índia, Malásia e China) e buscou determinar o grau de satisfação e as expectativas dos usuários de banda larga. As 2.850 entrevistas foram realizadas em cibercafés, pontos em potencial de possíveis assinantes de serviços de acesso em alta velocidade, e também via internet. Os resultados, principalmente quando comparados com hard users de banda larga, mostram os rumos que o mercado está tomando.

Entre muitas perguntas, as que mais se destacaram foram "sua conexão é suficientemente rápida para que você visualize imagens e vídeos na internet?"; "você tem uma conexão estável?"; "você se conecta de forma simples?"; "você pode fazer ligações pela internet (usando Voz sobre IP)"? Para cada uma destas questões foram pedidas notas de 0 a 10.

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Satisfação

Entre os usuários de cibercafés, 40% estão satisfeitos com a visualização de fotos e vídeos, contra 26% dos hard users de banda larga. Quanto à conexão estável, 22% dos usuários de cibercafés disseram que sim, contra 27% dos hard users de banda larga. Quanto ao uso de Voz sobre IP, o Brasil está na frente: 56% dos entrevistados usam a internet para fazer ligações – não à toa, o país é o 5.º maior usuário de Skype do mundo.

Outro dado interessante: 85% dos que vão a um cibercafé se conectar o fazem por motivos pessoais e não profissionais, contra 66% dos que já se conectam em casa. Um quesito bem significativo foi a velocidade de acesso que os usuários mais utilizam: a de 256 Kbps ganha com 24%, seguida pela de 512 Kbps (22%), mais de 1 Mbps (15%) e 128 Kbps (14%). Dos que já adotaram a conexão em casa, o DSL é a tecnologia mais usada: 55% das conexões são feitas via rede telefônica, contra 32% via cabo e 7% através de conexões sem fio (wireless). Na França, em comparação, velocidades como 128 Kbps e 256 Kbps nem existem mais.

Uma conclusão tem tudo para ser interessante principalmente para as operadoras de telefonia e empresas que fornecem conexão via cabo no Brasil: 45% dos entrevistados estão muito interessados em ter banda larga em casa e 17% estão apenas interessados. Em 50% dos casos, a banda larga está disponível nos locais onde estas pessoas residem.

E quanto os entrevistados estariam dispostos a gastar em conexão? Nenhuma surpresa: 63% não querem pagar nada ou no máximo US$ 10; 16% aceitariam gastar entre US$ 10 e US$ 20 mensais. Na média geral, os usuários de cibercafés aceitariam gastar cerca de US$ 11 mensais em serviços de conexão, de preferência através do pagamento de uma taxa mensal (44%) ou através de cartões pré-pagos (16%).

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"Os resultados mostram que as operadoras podem montar pacotes atrativos ilimitados a preços mais baixos para alcançar mais clientes", diz Valérie Faudon, vice-presidente de programas de marketing da Alcatel. "Mais importante do que oferecer velocidade, no entanto, é oferecer acesso mais fácil."