Realidades muito distantes separam a experiência do "pai" do microcrédito, Muhammad Yunus, em Bangladesh, do que acontece Brasil. O país asiático, rodeado pela Índia, tem área menor do que a do Paraná e população de 144 milhões de habitantes – quase 80% da população brasileira. O nível de urbanização bengalês é de menos de 20%, só há quatro cidades metropolitanas no país e boa parte da população das áreas rurais trabalha com agricultura de subsistência, produz os próprios alimentos e bebidas e costura as próprias roupas.

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"Quase 60% das pessoas não sabe ler, a população é de 800 por quilômetro quadrado, contra 22,5 no Brasil, e a agricultura da qual eles vivem é semelhante à que existia no Brasil nos tempos de Cabral. A comparação com o Brasil devia parar aí, não dá para querer fazer aqui exatamente o Yunus fez lá", avalia o economista Jaime Mezzera, consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), especialista em microcrédito.

Em sua primeira iniciativa de microcrédito, Yunus emprestou US$ 27 para ajudar 42 mulheres de uma aldeia a saldarem dívidas contraídas com agiotas, para comprar o bambu com que fabricavam cestos.

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Hoje, o Grameen Bank atende mais de 6 milhões de mutuários, faz empréstimos, em média, US$ 130 e já distribuiu, desde a fundação em 1983, perto de US$ 6 bilhões. Em torno de 98% dos tomadores de recursos pagam suas dívidas. Na opinião de Mezzera, a situação social dos bengaleses contribui para um impacto maior do programa de microcrédito do que seria possível no Brasil. (PK)