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Rosalvo Gizzi Junior, do "Rei Barba": ideia é ofecerer serviços que estimulem o cliente ficar pelo menos três horas na barbearia | Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Rosalvo Gizzi Junior, do "Rei Barba": ideia é ofecerer serviços que estimulem o cliente ficar pelo menos três horas na barbearia| Foto: Antônio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Vaidade masculina puxa crescimento do setor

Consultor do Sebrae/PR, Paulo Tadeu Graciano atribui o recente crescimento do ramo de barbearias à expansão do mercado masculino de estética e à disposição dos homens para gastar mais com esse tipo serviço.

Graciano também destaca as estratégias bem-sucedidas dos empresários que investiram no setor. "O empresário tende a se renovar. E essas barbearias são uma repaginação de um modelo antigo".

Dona da Barbearia 378, Amanda Carolina Gomes explica que o aumento da demanda se deve ao fato de que o brasileiro se tornou mais vaidoso e exigente. "Homens não gostam do ambiente dos salões de beleza, eles não gostam de fofoca e do barulho do secador de cabelo".

Navalha afiada, espuma preparada e cliente com o pescoço exposto. O cenário faz lembrar um hábito que era cultivado apenas por homens mais velhos, mas que se reinventou e, hoje, representa um mercado em franca expansão, o das barbearias.

Curitiba ganhou, nos últimos anos, dezenas de comércios do gênero. Como a Junta Comercial não dispõe de dados específicos sobre o ramo, a Gazeta do Povo fez uma consulta informal e constatou que cinco entre 17 barbearias anunciadas na lista telefônica foram abertas no último ano. A taxa atesta o ritmo de expansão do segmento.

A reinvenção das barbearias se explica, segundo empresário e consultores da área, pelo crescimento da vaidade masculina e pela oportunidade de o cliente ser atendido em um espaço que o deixa mais à vontade, sem os traços femininos que caracterizam os salões de beleza tradicionais. E, de fato, frequentar esses espaços é uma experiência totalmente diferente da habitual.

Cerveja, charuto e pôquer

Para atrair a clientela, as novas barbearias oferecem, além dos serviços estéticos, diversos agrados aos clientes, como possibilidade de tomar cerveja, fumar charuto ou jogar uma partida de pôquer. "Queremos que o cliente fique com uma permanência de pelo menos 3 horas", conta Rosalvo Gizzi Junior, 29 anos, dono do "Rei Da Barba", que fica no bairro Batel.

A decoração do ambiente também é importante. Da escolha da cor das paredes às telas para assistir futebol, tudo é pensado para que o cliente se sinta confortável. "Eu prefiro barbearias assim porque é um ambiente mais masculino. Aqui tudo lembra coisas de homem mesmo" conta o juiz Anderson Fogaça, 36 anos.

O empresário diz que a ideia de abrir o negócio surgiu após a constatação de que, às vésperas do casamento, enquanto as mulheres se arrumavam, os homens tinham de ficar em casa, sem opção. Hoje, o "Rei Da Barba" promove dias especiais para noivos, que podem levar padrinhos, familiares e amigos, usando um pacote específico de serviços. "A barbearia é um conceito, um estilo de vida que a gente quer passar para os clientes", reforça Gizzi.

A barbearia tem dez profissionais: cinco que cortam cabelo e fazem barba e cinco para manicure, massagem e depilação. O corte custa R$ 46 e a barba, R$ 38. "Nossa principal clientela é da faixa etária de 25 ou mais, classe A, com alto poder executivo", diz Gizzi.

O "Rei da Barba" atende, hoje, uma média 60 clientes por dia e espera, em um ano e meio, elevar o número para 300.

Barbearia tradicionais também recuperam espaço

Também têm ganhado espaço no mercado as barbearias que apostam em um estilo mais tradicional, por vezes retrô. É o caso Barbearia 378, situada no bairro São Francisco.

O estabelecimento fica em uma sala decorada com um clássico banco de madeira e painéis com lutadores de boxe, como Muhammad Ali. A iluminação, um pouco mais suave que o tradicional, também é um diferencial. "Eu quis fazer uma coisa mais aconchegante, com um atendimento mais personalizado, parecendo igual às antigas barbearias" explica Amanda Carolina Gomes, 27 anos, dona do negócio.

Ela conta que trabalha, junto com um funcionário, em um ritmo cadenciado e que a duração do atendimento varia a cada caso. "O trabalho só acaba quando, no meu olhar de profissional, está praticamente perfeito".

Entre os barbudos que procuram o estabelecimento, a maioria quer apenas fazer a manutenção da barba, tirando o excesso de pelos e deixando os contornos mais definidos. O corte de cabelo custa R$ 25 e a barba, R$ 18.

A revitalização das barbearias também beneficiou Angelo Ferrari, barbeiro de 73 anos que segue ativo, atendendo seus clientes na barbearia que leva seu sobrenome, situada no bairro Bigorilho. Com quase 50 anos de atividade profissional, Ferrari conta que a maioria dos clientes são seus amigos, que hoje também levam os filhos para cortar o cabelo. Com isso, ele atende, atualmente, cerca de 25 clientes por dia, a maioria de classe média e fiel ao antigo estabelecimento.

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