Barbosa tem um pensamento mais alinhado ao de Dilma, com maior foco na retomada do crescimento| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reforçou nesta segunda-feira (21), após assumir o comando da pasta no lugar de Joaquim Levy, que a direção da política econômica continua a mesma, com foco em ajuste fiscal e redução da inflação. O anúncio ocorre em meio à reação negativa do mercado sobre sua nomeação.

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A escolha de Barbosa, anunciada na sexta-feira, foi entendida como uma clara sinalização de que a presidente Dilma Rousseff pretende promover mudanças na política econômica. Barbosa tem um pensamento mais alinhado ao de Dilma, com maior foco na retomada do crescimento em meio ao agravamento da recessão e da crise política

Em teleconferência com investidores feita antes mesmo da sua posse, que ocorrerá às 17h, Barbosa procurou dissipar os temores do mercado com seu nome, visto como menos comprometido com o reequilíbrio das contas públicas.

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O novo ministro da Fazenda também se encontrou na manhã desta segunda-feira com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em conversa a portas fechadas, iniciando o trabalho de relacionamento em sua nova função na equipe econômica.

A preocupação com um ajuste fiscal mais frouxo alimentava a alta do dólar e dos contratos de juros futuros nesta segunda-feira, com agentes apontando possível relutância do novo ministro em cortar gastos e aumentar impostos.

Durante a teleconferência, Barbosa repetiu o compromisso com a meta de superávit primário equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e defendeu a reforma da Previdência, considerada “crítica”.

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Previdência

Para o novo ministro da Fazenda, há um “consenso crescente” sobre a necessidade de inclusão do critério de idade na concessão de aposentadorias.

Barbosa disse ainda que o governo quer não apenas mandar uma proposta ao Congresso Nacional, mas efetivamente aprová-la para tornar o sistema previdenciário mais sustentável – ele destacou que essa é a primeira reforma que deve ser feita no ano que vem. Para o novo ministro, essa mudança é essencial para o equilíbrio das contas públicas.

Câmbio

A respeito do câmbio, o novo titular da Fazenda afirmou que a ação do governo visa reduzir a volatilidade, apontando que o câmbio flutuante é melhor para absorver choques.

Ele também defendeu as reservas internacionais do país, hoje na casa de US$ 370 bilhões, como um seguro contra choques internacionais, avaliando que elas não devem ser usadas para financiar investimentos.

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Levy

Durante a teleconferência, Barbosa foi questionado sobre a gestão do seu antecessor, Joaquim Levy. Ele foi diplomático, elogiou a gestão Levy e disse que se beneficiará disso. “Eu posso falar por mim, muitas coisas foram feitas no ano corrente (2015)”, disse.

Além de citar que a Petrobras melhorou, ele disse que a economia está se ajustando. “Por conta dessas mudanças sob a liderança de Levy, eu acho que começo (minha gestão) numa base mais favorável e vou me beneficiar do trabalho que já foi feito”, afirmou antes de reiterar a necessidade de conquistar a confiança dos investidores..

Barbosa nega plano de mudar regra de correção do salário mínimo agora

Em conferência com investidores estrangeiros e nacionais, o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, garantiu que o governo não pretende alterar a regra de reajuste do salário.

Barbosa disse que pretendia esclarecer aos participantes da conferência – o primeiro contato com o mercado financeiro depois da sua indicação para o Ministério da Fazenda – que não há plano de mudança, mas falou em seguida no “curto prazo”. Ele destacou que o Congresso Nacional já aprovou a regra até 2019.

A regra atual estabelece a correção do salário mínimo para o período de 2016 a 2019 com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos anteriores.

Como o Brasil está em recessão, os analistas do mercado têm uma preocupação de que a regra mude para favorecer um reajuste maior, com impacto negativo para as contas públicas. Boa parte das despesas do governo federal está atrelada à correção do salário mínimo.

“As regras do salário mínimo já foram debatidas. As regras foram definidas até 2019”, disse. Segundo ele, esse mecanismo mantém o custo real do salário mínimo estável nos próximos anos por conta do baixo crescimento da economia.