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Nascido em 1969, Nelson Barbosa já foi o titular de três secretarias do Ministério da Fazenda | UESLEI MARCELINO/REUTERS
Nascido em 1969, Nelson Barbosa já foi o titular de três secretarias do Ministério da Fazenda| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Com fama de “desenvolvimentista” e tendo um olhar atento a políticas sociais, Nelson Barbosa troca o Ministério do Planejamento pela Fazenda com o desafio de manter o esforço pela reorganização das contas públicas agora de um modo mais equilibrado, com a forte ênfase no resgate da confiança de empresários e famílias no crescimento da economia.

Não será uma tarefa fácil, diante do quadro de profunda recessão, inflação de volta à casa dos dois dígitos e com o país perdendo o selo de bom pagador por duas agências de classificação de risco. Além disso, Barbosa terá de lidar com a turbulenta relação com o Congresso Nacional em meio à batalha do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Com perfil informal e constante interesse em aprender, Barbosa tem um forte currículo acadêmico, com doutorado em economia nos Estados Unidos, e é considerado um “líder nato” por pessoas que já trabalharam com ele.

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Nascido em 1969, o carioca e vascaíno já foi o titular de três secretarias do Ministério da Fazenda: de Acompanhamento Econômico (2007-2008), de Política Econômica (2008-2010) e Executiva (2011-2013), quando o ministro era Guido Mantega.

Atritos

Pouco antes de sua saída da Secretaria-Executiva, Barbosa passou a bater de frente com o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Criticou fortemente nos bastidores a condução da política fiscal recheada de manobras e a falta de transparência na comunicação, chegando até mesmo a arranhar sua relação com Dilma.

Nada que o impedisse, após a reeleição, de assumir um posto no primeiro escalão no segundo mandato de Dilma, como ministro do Planejamento e um dos principais condutores da política econômica.

Neste ano, bateu de frente com Levy, que sempre teve uma postura mais ortodoxa quando o assunto era ajuste fiscal, levando a melhor em várias ocasiões.

Já em maio, num sinal da sua crescente influência, Barbosa convenceu Dilma a optar por um corte orçamentário mais moderado do que o proposto por Levy. Este, irritado, não compareceu ao anúncio do contingenciamento, o que segundo autoridades do governo foi em protesto à decisão. Mais tarde Levy afirmou que uma gripe forte o impediu de comparecer à coletiva de imprensa.

Levy também mostrou contrariedade com a mudança na meta de superávit primário para 2016, enquanto Barbosa mostrava-se mais flexível. No fim, o Congresso Nacional chancelou uma meta menor para 2016, equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), como queria o governo, ainda que sem a possibilidade de mais abatimentos. A proposta anterior era de meta do setor público consolidado de 0,7% do PIB.

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Foram exatamente críticas ao lado fiscal que Barbosa fez quando deixou a Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, em 2013, por não concordar com o rumo que estava sendo dado à política econômica.

Social

Barbosa tem forte interesse pelas políticas sociais, como destacou seu orientador no doutorado na New School for Social Research, em Nova York, Lance Taylor. Segundo ele, Barbosa estudava a dinâmica de distribuição de renda e a situação da pobreza.

Quanto à competência de Barbosa como economista, seu antigo professor afirmou que ele é, “pelo menos”, tão competente quanto Edmar Bacha – um dos criadores do Plano Real – e melhor que outros economistas renomados.

Barbosa também passou pelo Banco Central entre 1994 e 1997, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2005 e 2006, e já havia passado pelo Ministério do Planejamento em 2003.

No mesmo ano em que foi aprovado em concurso para o BC, Barbosa passou ainda nos concursos para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e para a Petrobras. Escolheu o BC.

Até ser convidado por Dilma para assumir o Planejamento, Barbosa atuava como professor titular da Escola de Economia de São Paulo (FGV-EESP), além de ser professor-adjunto do Instituto de Economia da UFRJ, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) e membro dos conselhos de administração da Cetip e do Banco Regional de Brasília.

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