Acredite: uma startup já recebeu mais de US$ 5 milhões de investidores para convencer você a comer barrinhas de proteína feitas de grilos.
Nascida há três anos no Vale do Silício, berço da inovação nos Estados Unidos, a Exo produz barras de sabores diversos, como banana, maçã e coco, livres de glúten. O principal “ingrediente”, porém, é farinha de grilo, obtida por meio de insetos criados em fazendas especificamente para consumo humano – depois de mortos, os grilos são limpos, secos e triturados, para compor a farinha.
Assim como várias outras startups, a trajetória da Exo começou por meio de um projeto em uma plataforma de crowdfunding. Assim que se formaram na Brown University, no estado de Rhode Island, os dois amigos Greg Sewitz e Gabi Lewis se mudaram para Nova York e criaram um projeto no Kickstarter para viabilizar a produção da barra de proteína feita com grilos – ideia que surgiu durante a estada dos dois na universidade.
A receptividade ao possível petisco superou qualquer expectativa. O projeto alcançou a meta de US$ 20 mil em apenas 72 horas. Em um mês, Sewitz e Lewis arrecadaram quase US$ 55 mil de mais de mil internautas.
A Exo defende que os benefícios de comer insetos são vários. Em propagandas da empresa veiculadas em redes sociais, a startup ressalta que grilos têm duas vezes mais ferro do que espinafre e produzem 99% menos gás estufa do que vacas. Além disso, segundo a Exo, grilos são uma fonte completa de proteínas, contendo todos os aminoácidos essenciais para humanos.
Uma caixa com 12 barrinhas sai por US$ 36, mas a startup já tem um programa de assinatura para clientes regulares. Segundo avaliações e depoimentos divulgados pela Exo em seu site oficial, as barrinhas parecem fazer sucesso principalmente entre esportistas e adeptos de uma alimentação saudável – o guitarrista do Pearl Jam Stone Gossard é um dos consumidores fiéis.
Fonte alternativa
Matar a fome desta maneira pode soar um pouco estranho para donos de paladares mais tradicionais, mas a própria Organização das Nações Unidas (ONU) já destacou, em pesquisas recentes, que os insetos comestíveis vão se tornar cada vez mais uma fonte de alimento importante em todo o mundo – hoje, os besouros são, disparados, os insetos mais consumidos globalmente.
O tema foi inclusive foco de um estudo de 200 páginas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, divulgado em 2013. No documento, o órgão lembra que insetos comestíveis sempre fizeram parte da dieta humana, embora em algumas sociedades haja um certo desgosto pela prática.
Conforme o estudo, estimativas dão conta de que insetos são parte da dieta tradicional de pelo 2 bilhões de pessoas no mundo e mais de 1.900 espécies já foram catalogadas como propícias para serem usadas como alimento.
“Ao contrário do que prega a crença popular, insetos não são comidos somente em épocas quando há escassez de comida ou quando há dificuldade em comprar ou plantar alimentos ‘convencionais’; muitas pessoas ao redor do mundo comem insetos por escolha, principalmente porque eles são palatáveis e porque possuem um lugar estabelecido na cultura local”, diz o o órgão no estudo.