Airbus 320, da Avianca| Foto: Divulgação/Avianca

Uma batalha está sendo travada nos céus brasileiros. Em jogo, estão os 11,6% de participação da Avianca Brasil, que se encontra em recuperação judicial desde dezembro, no mercado doméstico de passageiros, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). 

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 Mas também poderá ter acesso a rotas altamente rentáveis e ampliar a presença em alguns dos mais movimentados aeroportos do país, como os de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro. 

 As três maiores empresas aéreas brasileiras - a Gol, a Latam e a Azul -, que juntas têm 88,1% do mercado nacional - se credenciaram à disputa. “Vai ser concorrido”, prevê o economista Pedro Coelho Afonso, da PCA Capital. 

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 Filé mignon 

 O filé mignon são os slots (autorizações para pouso e decolagem) em Congonhas e no Santos Dumont. Na capital paulista, são 21, e na fluminense, 17. Isto cria oportunidades de expandir a atuação em uma das pontes aéreas mais movimentadas do mundo 

 “São ativos estratégicos. E possibilitam ocupar maior espaço onde a demanda já existe”, afirma Bruna Pezzin, analista da XP Investimentos. Ela sintetiza que é uma disputa por ativos que possam agregar valor às empresas. 

Outro importante ativo é a participação no mercado. Atualmente. a Gol tem a maior participação, com 37,2% do mercado; seguida pela Latam, com 30,4% e pela Azul, com 20,6%. “O vencedor ou os vencedores podem ter um ganho forte de share”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.  

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 Um triunfo da Gol ou da Latam poderia significar uma maior concentração do mercado, o que poderia levar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ou a Anac a entrar no processo para evitar prejuízos ao consumidor. Segundo Arbetman, essas duas empresas têm uma posição mais dominante no mercado. 

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 Quem pode estar largando na frente nessa disputa é a Azul. Ela ainda não tem uma presença significativa em Congonhas, um dos aeroportos mais movimentados do país; tem mais caixa, e pode ter ganhos de sinergia, já que o principal modelo da frota da Avianca, o Airbus 320, é a espinha dorsal da expansão da terceira maior companhia aérea brasileira, e não tem muita sobreposição de rotas. 

 Segundo o analista da Ativa, os ganhos de sinergia da Gol seriam mais demorados, já que a frota dela é composta por aviões da Boeing 

 “A Azul tem uma posição de caixa mais favorável, o que permitiria fazer a aquisição com recursos próprios”, afirma Vinícius Andrade, da Toro Investimentos. “Isso lhe permite ser mais agressiva no leilão.” 

Maximização de valor 

Um analista ouvido pelo Estadão Conteúdo e que pediu para não ser identificado disse que o movimento desta quarta-feira representa uma tentativa de maximizar o valor da empresa, conseguindo assim pagar suas dívidas. 

 "A maior parte desse valor, porém, se refere a ativos que a companhia não tem. Nesse ponto é que entra o governo", observa o analista, se referindo aos 70 slots envolvidos na negociação, que não são de propriedade da Avianca e sim uma concessão. 

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 As companhias aéreas Gol e Latam foram abordadas pela gestora americana Elliott, maior credor da dívida da Avianca Brasil, em conjunto - para participar de proposta de reestruturação. A proposta é semelhante, com compromisso pelas aéreas a conceder empréstimos para a Avianca e fazer ofertas em leilão no valor mínimo de US$ 70 milhões por pelo menos uma unidade orodutiva Isolada (UPI). 

 A Elliott apresentará um plano de recuperação judicial revisado para a Avianca Brasil. O plano prevê a constituição de sete UPIs a serem leiloadas, das quais seis deverão conter os direitos de uso dos horários de pouso e decolagem de voos atualmente detidos nos aeroportos de Congonhas, Santos Dumont e Guarulhos, bem como certificados de operador aéreo. Além disso, uma UPI deverá deter os ativos relacionados ao programa de milhagem Amigo. No leilão, será permitida a oferta por qualquer interessado.