A palavra bazar parece mágica aos ouvidos de consumidores atentos. E também está no vocabulário de quem tenta driblar a crise. Reunir expositores em um mesmo ambiente para venda de produtos de qualidade a preços convidativos tem sido a saída para superar vendas magras e contornar os custos altos de um ponto fixo.
Para a clientela, é a oportunidade de pagar menos por grifes famosas ou conhecer marcas autorais diretamente do produtor, sem intermediários. Em outra ponta, estão os organizadores dos eventos, cada vez mais atentos à rentabilidade do modelo que ocupa quase todos os fins de semana, especialmente em Curitiba.
Nos últimos meses, o ritmo de bazares e feiras aumentou nos grandes centros urbanos. Para o empresário Beto Lago, criador do Mercado Mundo Mix (MMM), pioneiro em eventos de arte, cultura e moda alternativa, lançado em 1994, feiras e bazares retornaram às agendas por causa dos custos de manutenção de uma loja física fixa e do estrangulamento das vendas on-line.
“A carga tributária e a legislação trabalhista inviabilizam a formalização de um negócio off-line convencional. E quem está na internet precisa de uma vitrine física para expor seus produtos, para entrar em contato com seu cliente. Os bazares promovem esse encontro”, diz.
O modelo do Mundo Mix tem sido replicado em ações com a mesma inspiração em Curitiba. Coletivos de empreendedores criativos têm apostado nos bazares para mostrar produtos e dar visibilidade à produção autoral de roupas, calçados, acessórios, decoração e gastronomia, entre outros segmentos.
A Arca Criativa, idealizada por Patrick Sasson, realiza duas edições por ano para expor a produção dos integrantes da casa de cultura e arte, além de convidados. O Piwe Bazar tem mais de 50 expositores que se revezam durante os eventos. “O bazar ajuda a cobrir despesas da Arca, mas é, principalmente, a vitrine dos empreendedores”, diz Fasson.
O cuidado com a curadoria dos expositores é a marca registrada de outras organizações, como o Urbano Bazar, Atmosfera Criativa, Rupah Bazar e Emporium Handmade, para citar alguns dos eventos já com agenda consolidada na cidade. A maior preocupação é peneirar os participantes, selecionando produtos autorais e delineados de acordo com o perfil dos frequentadores.
A produtora Flávia Salarini, de 35 anos, começou com o Urbano em 2011, com duas ou três edições por ano. A partir de julho, será quinzenal. Além de estimular a atividade produtiva local, organizar o bazar tem sido uma forma de manter-se no mercado de trabalho e flexibilizar a rotina com os filhos de 6 e 4 anos. “Esse também é o perfil de muitos expositores”, diz.
Motivação
Ampliar a clientela e extrapolar as vendas realizadas pelas mídias sociais foram as principais motivações para empreendedora Mayara Costa Wal organizar o Atmosfera Criativa, juntamente com outras amigas das marcas que compõem o coletivo Atmosfera 935. “A feira também ajuda a divulgar os produtos e estimula as vendas na internet”, explica.
Outro exemplo de que o movimento das demandas via on-line exige o espaço físico é o Mercado Cigano, organizado nos primeiros sábados do mês pela Laffayetteria, brechó, galeria e antiguidades.
A dificuldade para fazer trocas no grupo coordenado por Amanda Laffayette inspirou o evento, realizado no último sábado (6). “Cada um traz o que quer trocar ou vender e assume a responsabilidade pela exposição e preço. Não precisa ser produtor nem lojista. O resultado foi muito positivo, tanto que ficamos com peças na lojas em consignação”, conta.