O Banco do Brasil anunciou hoje que não financiará a produção de soja em áreas do Bioma Amazônico que tenham sido desmatadas a partir de 24 de julho de 2006. A medida faz parte da adesão da instituição à chamada Moratória da Soja, uma decisão da indústria processadora e dos exportadores brasileiros de não adquirir a produção proveniente de novas áreas abertas após aquela data. A medida do BB já está em vigor. O anúncio foi feito após o governo informar uma queda recorde nos índices de devastação em 2010.
De acordo com Álvaro Tosetto, gerente executivo da diretoria de Agronegócios do BB, a instituição usará o banco de dados do Grupo de Trabalho da Soja (GTS) para análise da liberação do crédito. "Além disso, vamos exigir a regularização ambiental das propriedades para a concessão de financiamento na região amazônica", afirmou. A regularização já é uma medida adotada pelo banco no financiamento de outros tipos de produção.
A adesão do banco à moratória foi selada em cerimônia realizada em Brasília hoje entre os coordenadores do GTS, Paulo Adário, do Greenpeace, e Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), além do vice-presidente da Agronegócios do BB, Luís Carlos Guedes Pinto.
Também participam do GTS o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Iniciado há quatro anos, o trabalho do grupo é atualizado regularmente com informações sobre as áreas desmatadas na Amazônia e que eventualmente tenham sido destinadas à produção de soja. De acordo com dados da Abiove, o plantio de soja representou apenas 0,25% da área total desmatada nos últimos três anos no Bioma Amazônico.
Paulo Adário, do Greenpeace, afirmou que a adesão do banco é mais um passo para preservar a floresta. "Outras instituições financeiras deveriam seguir o exemplo", disse em nota colocada no site do Greenpeace. De acordo com dados do Anuário Estatístico de Crédito Rural, fornecidos pela ONG, cerca de R$ 90 bilhões foram destinados ao crédito rural na Amazônia Legal entre 1995 e 2009. No mesmo período, 271 mil hectares de florestas foram derrubados.
Queda
O desmatamento da Amazônia em 2010 somou 6.451 quilômetros quadrados, uma queda de 13,6% em relação ao ano passado. A diminuição é menor que a esperada pelo governo e se deve ao desflorestamento de áreas menores, que não são captadas pelos satélites que acompanham o desmatamento em tempo real.
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