O Banco do Brasil (BB) vai facilitar o crédito voltado ao consumo de eletrodomésticos, dentro da ação do governo federal de incentivar o setor, bastante afetado pela falta de liquidez decorrente da crise internacional. O novo presidente da instituição, Aldemir Bendine, adiantou que, a partir de amanhã, o banco abrirá a seus clientes uma nova linha de crédito com essa finalidade, com prazos e carências mais longos e juros menores.
"Já temos convênios com 18 grandes varejistas para esta nova linha", afirmou Bendine. Entre as redes que já fecharam a parceria estão o Ponto Frio, o Ricardo Eletro e a Marabraz.
O executivo descartou, no entanto, movimentos semelhantes para financiar o próprio varejista. Ou seja, não vai criar mecanismos alternativos para oferecer crédito aos lojistas que queiram, por exemplo, abrir novas unidades ou girar estoques. "Vamos incentivar o consumo", resumiu o executivo, sem especificar quanto de recursos estaria disponível para esse fim.
Características
A nova linha terá taxa de juros mínima de 1,99% ao mês, inferior ao piso de, até então, 2,62% ao mês, e os prazos passarão de até 48 meses para até 60 meses. A carência para o pagamento (data do pagamento da primeira parcela) também foi ampliada para 180 dias, quase três vezes a média anterior, de 59 dias. Nestes casos, sempre, o consumidor tem de arcar com os juros do período.
Segundo Bendine, a linha valerá para os quatro produtos da linha branca que tiveram redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): fogão, geladeira, máquina de lavar e tanquinho. Mas poderá ser estendida a outros produtos se houver necessidade.
CEF
Na semana passada, dentro da mesma iniciativa pedida pelo Palácio do Planalto, a Caixa Econômica Federal ampliou de 30 para 90 dias o prazo de pagamento da primeira parcela do Crediário Caixa Fácil, voltado à compra de bens de consumo. O produto está disponível atualmente em lojas de varejos das Redes Baú Crediário (Grande São Paulo), América Móveis (SC) e Tradição Móveis (PE).
A Caixa estuda parcerias com 90 novas redes, que, juntas, tornarão disponível o crédito em mais de duas mil lojas espalhadas em todo o país. O valor máximo do financiamento é de R$ 10 mil, com prazo de pagamento em até 24 meses. As taxas são prefixadas de acordo com o mercado de cada varejista. Ao contrário do BB, a Caixa estuda conceder financiamento aos varejistas, para manter o fôlego do setor.
Construção
Na próxima semana, o BB anuncia uma linha de R$ 20 milhões para a construtora Cyrela, que irá construir 500 moradias populares em Sorocaba, interior de São Paulo. O empréstimo está dentro do programa de habitação do governo federal "Minha Casa, Minha Vida". Bendine disse que o banco terá, ao todo, R$ 500 milhões para atuar dentro do programa habitacional federal.
Segundo ele, dentro de 60 dias, o banco vai estar preparado para financiar diretamente o mutuário. O BB vai se concentrar nas famílias com renda de cinco até dez salários mínimos, deixando a faixa de renda mais baixa para a Caixa. "Pretendemos trabalhar fortemente nesse programa, com as famílias dentro desse faixa de renda."