O Banco Central atuou mais uma vez no mercado de câmbio ontem para conter a alta do dólar, que chegava à cotação de R$ 2,178. Ainda assim, a moeda bateu um novo recorde e terminou o dia no maior valor em mais de quatro anos: R$ 2,161. O BC fez um leilão de swap cambial, que equivale à venda de dólares no mercado futuro, por volta de 16h30. Foi a sexta intervenção em pouco mais de dez dias.
Nesse período, a autoridade monetária também zerou as alíquotas de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para investimentos estrangeiros em renda fixa e sobre operações com derivativos de câmbio contratos de dólar com vencimento futuro. Ou seja, foram oito intervenções desde o último dia 4. Todas medidas tomadas com intenção de empurrar o preço do dólar para baixo. Mesmo assim, a moeda subiu 0,7% no período. "O mercado forçou a moeda para cima porque precisa de uma referência, quer saber em que preço do dólar o BC vai atuar. Semana passada era R$ 2,15, hoje é mais que isso", diz Hideaki Ilha, operador da Fair Corretora. Na avaliação de Ilha, as operações que apostam na alta da moeda americana devem continuar até que os investidores consigam vislumbrar esse novo patamar.
EUA
A tendência do dólar é subir em relação a outras moedas, especialmente as de países emergentes, enquanto durarem as incertezas sobre a permanência dos estímulos econômicos nos EUA. Na quarta-feira sai decisão do BC americano sobre a taxa de juros do país, que é hoje praticamente zero, e o presidente do BC americano, Ben Bernanke, fará um novo pronunciamento.
Embora investidores não apostem em mudança imediata dos juros, esperam encontrar, na fala de Bernanke, sinais mais claros sobre a manutenção ou não dos estímulos monetários no país. O BC dos EUA recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos públicos a fim de injetar recursos na economia.
Se o discurso de Bernanke reforçar no mercado as apostas na retirada dos estímulos, porém, a tendência de alta do dólar pode se intensificar. Isso porque o segundo passo, na avaliação de especialistas, seria a elevação do juro americano, o que deixaria os títulos do Tesouro dos EUA, remunerados pela taxa e considerados de baixo risco, mais atraentes aos investidores globais do que aplicações em emergentes. "Um possível corte dos estímulos econômicos nos EUA reduziria o volume de dólares no mercado mundial. Isso também diminuiria a já fragilizada entrada da moeda americana no Brasil, pressionando a cotação do dólar para cima", diz Waldir Kiel, operador da H.Commcor.