O Federal Reserve (Fed), banco central americano, decidiu manter estáveis as taxas de juro de referência no país, atualmente entre 0,25% e 0,5% ao ano, como já era esperado.
A expectativa pelo resultado do encontro vinha mantendo os mercados em alerta e deixou o câmbio volátil nesta terça-feira (1), com moedas de países emergentes registrando queda. Eventual aumento nos juros na maior economia do mundo tende a atrair recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro, o que levaria à valorização da moeda americana.
E o Fed tem elevado cada vez mais a confiança sobre alta dos juros. Janet Yellen, presidente da autoridade monetária, disse em setembro que uma mudança antes do final do ano é provável se o emprego e a inflação continuarem a se fortalecer.
No comunicado ao fim do encontro desta quarta-feira, a autoridade monetária destacou que o crescimento dos empregos é sólido no país. O mercado de trabalho é um dos principais fatores tomados em consideração pelos membros do Fed para decidir o momento do aperto monetário. Além disso, os integrantes do encontro frisaram sua confiança no avanço da inflação para a meta do BC americano, de 2%.
“O comitê considera que os argumentos para uma elevação da taxa dos fundos federais se fortaleceram, mas decidiu, por ora, esperar mais evidências de que avançará até seus objetivos.”
Isso sugere aumento do juro na reunião do Fed marcada para os dias 13 e 14 de dezembro.
O aumento da confiança da autoridade monetária de que os preços estão subindo se refletiu em sua visão de que “a inflação subiu um pouco desde o início do ano” e também na exclusão de uma referência feita anteriormente de que a inflação permaneceria baixa no curto prazo.
Esther George e Loretta Mester, presidentes do Fed na Cidade do Kansas e em Cleveland, respectivamente, descordaram da decisão desta quarta-feira, sendo a favor de um aumento imediato da taxa. Eles estão entre os três membros do órgão que discordaram da manutenção das taxas no último encontro.
Economia em crescimento
Conforme informações divulgadas na última sexta-feira, a economia dos Estados Unidos registrou o maior crescimento dos dois últimos anos no terceiro trimestre, fechado em setembro, com a alta nas exportações e a recuperação do investimento em estoques. O Produto Interno Bruto (PIB) americano avançou a uma taxa anualizada de 2,9%, após expansão de 1,4% no segundo trimestre, informou o Departamento de Comércio.
Essa foi a taxa de crescimento mais forte desde o terceiro trimestre de 2014. A alta foi maior do que a estimada pelos economistas consultados pela Reuters, que esperavam uma taxa de 2,5% .
“Isso mostra que os EUA estão mais ou menos no caminho certo. É uma recuperação natural após um ano abaixo do esperado até agora”, disse à Reuters o gerente de investimento em renda fixa do Aberdeen Asset Management em Londres Luke Bartholomew. “A campanha eleitoral provavelmente criou um grau de incerteza que tem impactado o crescimento.”
Dados divulgados anteontem pelo Departamento do Comércio mostram que os gastos em consumo dos lares americanos, que correspondem a 70% da atividade econômica dos EUA, aumentaram mais que o esperado em setembro, impulsionadas pelas compras de carros, e a inflação subiu de forma sustentada.
Os gastos das famílias cresceram 0,5%, acima do 0,4% previsto por economistas consultados pela Reuters, após um recuo de 0,1% em agosto. Ajustado pela inflação, o gasto subiu 0,3% após cair 0,2%. Ao longo do primeiro semestre do ano, o crescimento registrou média de apenas 1,1%.