Os membros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) estavam divididos sobre quando iniciar um novo ciclo de alta dos juros norte-americanos em sua última reunião, nos dias 17 e 18 de março.
A ata do encontro, divulgada nesta quarta-feira (8), mostra que parte dos integrantes do comitê de política monetária defendeu um aumento já no mês de junho, enquanto alguns acreditam que a mudança pode esperar até 2016.
“Diversos participantes julgaram que os dados e a perspectiva econômica provavelmente permitiriam iniciar a normalização no encontro de junho”, diz o documento.
Outros, no entanto, acreditam que os efeitos da queda dos preços de energia – puxada pela redução nos custos do petróleo nos últimos meses – e a apreciação do dólar continuarão a manter a inflação baixa. Para eles, o mais apropriado seria elevar os juros mais tarde no ano.
Após a divulgação da ata, o dólar se desvalorizou em relação ao real, e chegou a R$ 3,06%.
“Dois membros sugeriram que o cenário econômico provavelmente não irá exigir um aumento até 2016”, afirma o texto.
Expectativa
Após a reunião de março, o Fed retirou de seu comunicado a afirmação de que seria “paciente” ao elevar a taxa – entre zero e 0,25% desde 2008. O movimento abriu a possibilidade para um aumento já em junho.
Mas os dados do primeiro trimestre apontam para uma desaceleração da economia americana no início de 2015, afetada por um inverno rigoroso, os problemas econômicos na Europa e no Japão e a valorização do dólar.
Corroborando com esse cenário, o Departamento do Trabalho divulgou na última sexta-feira que a criação de vagas de emprego no país teve em março o seu pior desempenho desde dezembro de 2013. Foram criados 126 mil postos no período, quase a metade do que previa o mercado (248 mil).
Nesta quarta (8), o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, afirmou que tem dúvidas sobre um aumento da taxa em junho, embora tenha enfatizado que a autoridade monetária não descarta esta opção.
“Eu poderia imaginar circunstâncias em que um aumento dos juros em junho ainda é possível”, disse, citando como exemplos a divulgação de dados mais robustos sobre o mercado de trabalho em abril ou sinais de que a economia está acelerando novamente.
A expectativa de aumento nos juros dos EUA tem reflexos no Brasil, principalmente no mercado de câmbio. A alta das taxas tende a atrair recursos financeiros para o mercado norte-americano e afugentá-los de países emergentes. A consequência é uma valorização do dólar.
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