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Setor agrícola receberá mais R$ 2,5 bilhões para financiamento do plantio. | Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
Setor agrícola receberá mais R$ 2,5 bilhões para financiamento do plantio.| Foto: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo

Meirelles nega mudança no combate à inflação

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou que as medidas recentes adotadas pela autoridade monetária sejam uma mudança na sua estratégia de atuação. Ele reafirmou que o compromisso do BC é com o regime de metas para a inflação. "Engana-se quem vê nas medidas adotadas pelo BC uma mudança na sua estratégia de atuação", afirmou.

Meirelles ressaltou, no entanto, que a calibragem e o timing da atuação do BC levam em conta o que está ocorrendo na economia, inclusive no que se refere à oferta de crédito e às incertezas trazidas pela crise internacional, além de outros fatores. "As decisões do Copom continuarão, em suma, a serem condicionadas pelas nossas projeções para a inflação e o balanço de riscos associados a essas projeções, e levarão em conta todos os desenvolvimentos recentes do mercado."

O presidente do BC fez essas afirmações durante a cerimônia de posse da nova diretora da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), ontem, em São Paulo. No evento, Meirelles destacou que a atuação do BC visa a mitigar o impacto da crise, mas sem artificialismos, que podem gerar desequilíbrio que encerram riscos consideráveis para a economia. No fim de semana, Lula já havia garantido que o governo não adotará nenhum pacote econômico em razão da crise.

Meirelles salientou que a "pujança" da demanda doméstica, alicerçada no mercado de trabalho, deve continuar sustentando a expansão do PIB nos próximos meses, ainda que em ritmo mais modesto. "As economias emergentes, cujo crescimento depende das exportações, terão que fazer um ajuste mais rápido, sob pena de importarem de forma mais intensa a desaceleração dos mais ricos."

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, anteciparam ontem novas medidas para irrigar o mercado de crédito brasileiro. As ações, que envolvem cifras da ordem de R$ 6,5 bilhões, vão beneficiar especialmente os setores da agricultura e construção civil, mas também têm por objetivo garantir maior acesso de empresas e consumidores ao dinheiro.

As medidas foram alinhavadas em reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, no escritório da presidência da República, em São Paulo. Além de Mantega e Meirelles, participaram do encontro os presidentes da Caixa, Maria Fernanda Coelho; do Banco do Brasil, Antônio Francisco Lima Neto; e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

Ao lado de Meirelles, Mantega explicou que o governo deverá ampliar o crédito para a agricultura em cerca de R$ 2,5 bilhões. Os recursos serão originados a partir do aumento da parcela da poupança rural que será direcionada à agricultura, de 65% para 75%.

O ministro lembrou que nas duas últimas semanas o Banco do Brasil já liberou cerca de R$ 10 bilhões ao setor de agronegócio "Portanto, não me parece que haja razão para haver uma redução da safra 2008/2009. É claro que poderá haver algum fator climático ou alguma deficiência de crédito que ainda não identificamos", ponderou ele.

Outro setor que deve receber tratamento especial é a construção civil. Nos últimos anos, as empresas se capitalizaram por meio de lançamento de ações na bolsa de valores, estabeleceram planos de investimento de longo prazo e gastaram o dinheiro na compra de terrenos, disse Mantega. Agora não conseguem capital de giro para tocar os projetos.

"Estamos montando um sistema para dispor esse crédito, que deve somar entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões para completar as obras", disse Mantega. Ele destacou que esse crédito poderá ser feito via BNDES, que já apresentou uma proposta para o setor, ou Caixa, por meio de participação acionária nas empresas. "Uma das duas medidas será tomada nos próximos dias."

Meirelles completou ainda que, durante a reunião, foi feita uma revisão de todas as ações dos bancos estatais até o momento na compra de carteira de outros bancos e na concessão de crédito. As instituições foram chamadas a se preparar para aumentar sua participação nos empréstimos e financiamento no país, seja para pessoa física, capital de giro para empresas e investimentos.

Leilão

O Banco Central informou que vendeu US$ 1,620 bilhão no leilão de dólares montado para financiamento do comércio exterior realizado na tarde de ontem. O BC fixou em dez dias úteis a data limite para que os bancos que adquiriram esses dólares repassem as linhas para os exportadores. Esse foi o primeiro leilão com essa finalidade específica feito pela autoridade monetária e que faz parte do pacote de medidas anunciado para enfrentar a crise financeira internacional.

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